O sonho de comprar uma motocicleta e dar de presente para o filho, ou incentivá-lo e ajudá-lo a adquiri-la, pode se tornar um longo pesadelo para a família, porque o registro de acidentes e mortes no trânsito envolvendo motociclistas continua alto, tornando os jovens as maiores vítimas, em Belém e no Pará.
De acordo com dados oficiais, as vítimas de acidentes com motocicletas, a maioria jovens entre 15 e 29 anos, formam a maior parte dos pacientes paraenses atendidos pelo Hospital Metropolitano, referência no tratamento de média e alta complexidade em traumas e que recebe vítimas de acidentes de trânsito de mais de 60 municípios do Estado.
Segundo levantamento do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), no ano passado de 2020, até o mês de novembro, 9.856 motociclistas ficaram feridos e 606 perderam a vida enquanto conduziam o veículo. Ainda segundo o órgão, em 2019, foram 11.777 motociclistas feridos e 799 óbitos. O segundo grupo que mais morre no trânsito é formado pelos garupas de motos. Em 2020, foram 165 casos registrados.
O Detran informa que vem intensificando as campanhas educativas para um trânsito mais seguro e em todas elas, o motociclista é sempre o principal alvo das abordagens. Na capital, as irregularidades são inúmeras e costumam piorar no interior, onde parte considerável dos condutores de motos não respeita as leis de trânsito, não tem habilitação e utiliza veículos em péssimas condições de manutenção, trafegando sem capacetes.
Além dos motociclistas, as estatísticas apontam que, em Belém, jovens e pessoas do sexo masculino são os que mais morrem no trânsito. Os dados do programa Vida no Trânsito, da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), mostram que quase 30% das vítimas de trânsito na capital, em 2019, tinham entre 20 e 30 anos de idade, desses, 68% eram homens. No caso das motocicletas, os tipos de acidentes ocorrem, principalmente, pelo atropelamento e colisão entre motos e carros.
Somente no penúltimo fim de semana das férias, de 22 a 25 de julho, foram registradas 1.372 autuações de trânsito nas rodovias estaduais. O não uso do capacete e a alcoolemia lideraram as infrações de trânsito em todos os municípios. Em apenas quatro dias, 169 motociclistas foram autuados por conduzirem o veículo sem capacete.
Ainda de acordo com o órgão estadual de trânsito, 148 motociclistas foram multados por dirigirem sob a influência de álcool. O município de Salinópolis concentrou 63% do total de autuações por alcoolemia, a maioria na PA-444, principal via de acesso às praias do Atalaia e Farol Velho. Em seguida, Santarém registrou 29% das multas por dirigir sob a influência de álcool.
Dirigir com documento do veículo atrasado, transitar na contramão, com excesso de peso e sem cinto de segurança também estão entre as infrações mais cometidas nas estradas do Pará.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que, todos os anos, mais de 42 milhões de pessoas morrem em acidentes de trânsito no mundo.
Dados do Ministério da Saúde atestam que os acidentes no trânsito deixaram mais de 1,6 milhão de brasileiros feridos nos últimos dez anos, e representaram um custo de quase R$ 2,9 bilhões para o Sistema Único de Saúde (SUS).