A Belem Bioenergia Brasil, empresa do ramo da palma, resgatou o animal com a participação de profissionais de diferentes áreas. É um filhote de tamanduá-bandeira, com idade estimada de 2 meses, pesando 2,6 kg, é o mais novo morador do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG),
O animal está recebendo cuidados especiais pela equipe de profissionais daquela instituição. A espécie foi resgatada, em agosto deste ano, em área de floresta no município de Tomé-Açu, região nordeste do Pará.
O tamanduá foi batizado pelo nome de Haru, de origem nipônica que significa primavera. A escolha do nome se deu por ele ter nascido nesta estação climática do ano e por ser oriundo do município de Tomé-Açu, a maior colônia de japoneses no Pará.
Quanto à estada do animal, a equipe técnica procura oferecê-lo exercícios, ofertas de cupinzeiros e redução de contatos. Sobre a dieta oferecida ao animal, segundo o MPEG, “ a alimentação artificial é complexa e cara, pois trata-se de uma espécie com requerimentos específicos, diferentes dos carnívoros”. Haru recebe leite sem lactose, adicionados com probióticos e sucedâneo lácteo (suport milk cats).
Vale dizer que a mudança de dieta é lenta e muito cuidadosa. Ele já se exercita durante o dia e volta para a caixa à tarde. Tem personalidade e não desgruda dos ursinhos de pelúcia, os quais fazem o papel de mãe.
Haru está sob os cuidados da equipe técnica formada pela bióloga Thatiana Figueiredo e do veterinário Antônio Messias Costa.
De acordo com informações do MPEG, o pequeno Haru só será exibido em área adequada para os visitantes quando atingir a fase juvenil. Enquanto estiver “de fraldas” ficará pertinho da equipe de profissionais que dá toda assistência com muita dedicação.
Resgate
Mãe e filho foram transferidos para Belém no dia 11 de agosto, depois de uma intensa força-tarefa que contou com participação de colaboradores da Belem Bioenergia Brasil, empresa do ramo da palma, a responsável pelo resgate dos animais que foram encontrados em área de influência da empresa e pelo traslado deles até Belém. O trabalho teve o apoio de técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Tomé-Açu.
O gerente de Sustentabilidade e Parcerias Agrícolas da Belem Bioenergia Brasil, Gilberto Cabral, destaca o compromisso quanto aos cuidados com a biodiversidade, em especial a fauna, nesse caso. “Esse engajamento reflete a atuação em cumprimento da nossa política de sustentabilidade, que destaca a preservação e a defesa das espécies RAP, que são as espécies Raras, Ameaçadas ou em Perigo de extinção”, disse.
Infelizmente, a mãe tamanduá não resistiu aos ferimentos e morreu dois dias após chegar ao MPEG. A causa da morte foi traumatismo cervical provocado por tiro de caçador, levando à paralisia dos membros do animal. O corpo dela deve passar por necropsia e vai fazer parte do acervo da coleção didático-científica do Museu.
Fala o veterinário
Messias Costa, veterinário, responsável técnico do Parque Zoobotânico, explica sobre a possibilidade de o animal ser devolvido à natureza, que é remota. “Acreditamos ser impossível, ainda que a gente procure não humanizá-lo para que no futuro possa exercer o papel de tamanduá junto a uma companheira, esta é uma forma sensata de oferecer o melhor para uma espécime órfão que perdeu o seu ambiente natural.
Nesta fase precoce de vida, cerca de 2-3 meses, o seu aprendizado natural junto à mãe é substituído pelos cuidados humanos, carregado de contatos, odores e vozes – ausentes em seu mundo natural. Ele não tem o aprendizado duro que as circunstâncias naturais impõem: defesa, fuga, ataque, busca de alimentos, etc”, pontua o veterinário.
O veterinário destaca que “mesmo animais adultos criados desde cedo sob cuidados humanos são fadados a não subsistirem se soltos no ambiente natural. Ficam desorientados, não sabem se defender sendo presas fáceis, além de perderem odor natural, o que afeta o seu convívio (acasalamento com os pares) já que é uma espécie solitária”.
Alto investimento e equipes especializadas, além de monitoramento contínuo em centro de reabilitação, com a finalidade de reintrodução do animal ao mundo natural, podem trazer resultados mais promissores.
“O papel educativo e, quem sabe, reprodutivo, se conseguirmos uma fêmea, será de maior importância nesse cenário. Haru tem uma história para contar. E que sensibilizará pela causa”, acrescenta Messias.