Na tarde de ontem, um novo capítulo de um triste e perigoso fenômeno se desenrolou na Grande Belém. Um terreno da Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), localizado no setor ETE do Sideral, foi invadido por dezenas de pessoas. O terreno, essencial para o tratamento de esgoto, foi dividido em lotes e tomado por grupos que alegam estar buscando uma solução para a carência de moradia na região.
Essa invasão, porém, não é um simples ato de busca por um lugar para viver. Trata-se de uma manobra oportunista orquestrada por políticos sem escrúpulos e candidatos nas eleições municipais, que estão se aproveitando da crise habitacional para garantir votos, ao mesmo tempo em que promovem a ocupação ilegal de terrenos.
Esse tipo de comportamento é uma clara violação dos direitos de propriedade e um golpe disfarçado de solução social.
Essas invasões são uma demonstração alarmante de como alguns líderes políticos estão dispostos a negociar direitos e propriedades alheias em troca de apoio eleitoral. Utilizando a promessa de terrenos para obter votos, esses líderes fomentam práticas que não apenas são criminosas, mas também prejudicam a verdadeira causa do direito à moradia digna.
No município de Castanhal, a 70 km de Belém, a situação é similar. Outro terreno da Cosanpa foi invadido, demonstrando que essa tática não é um caso isolado, mas sim uma estratégia repetida. O que é ainda mais preocupante é o fato de que a Cosanpa está se preparando para uma transição para a iniciativa privada, sob a justificativa de uma parceria público-privada — uma expressão elegante para a entrega do patrimônio público ao setor privado.
O governo estadual insiste em que a transferência da Cosanpa para a iniciativa privada não é privatização, mas sim uma “parceria público-privada”. No entanto, essa mudança tem gerado uma série de incertezas e tensões, especialmente quando observamos que áreas vitais para o tratamento de esgoto estão sendo ocupadas ilegalmente.
A privatização da Cosanpa, seja qual for a forma como é nomeada, levanta sérias questões sobre o futuro da gestão e da integridade dos serviços essenciais prestados à população.
O terreno da Cosanpa, após a invasão, virou moeda de troca na eleição municipal
Um chamado à responsabilidade dos eleitores
Os eleitores da Grande Belém precisam estar atentos a esse cenário alarmante. A carência de moradia não pode ser usada como um pretexto para práticas ilegais e prejudiciais. É essencial que os cidadãos se unam para exigir soluções verdadeiras e sustentáveis, em vez de se deixarem enganar por promessas vazias e ações oportunistas de políticos que estão dispostos a sacrificar princípios em troca de votos.
A invasão de propriedades, especialmente aquelas pertencentes a entidades responsáveis por serviços essenciais como a Cosanpa, representa um ataque direto ao bem-estar da comunidade. Não podemos permitir que esses políticos joguem com a nossa dignidade e com a segurança de nossos recursos públicos.
Este é um alerta para que todos nós, como eleitores e cidadãos, estejamos vigilantes e informados. É nossa responsabilidade garantir que nossas escolhas políticas não contribuam para a perpetuação de crimes e injustiças, mas sim para a construção de uma sociedade mais justa e íntegra.