Neste sábado, 7 de setembro, as ruas de Belém foram palco de duas expressões distintas. De um lado, o tradicional desfile cívico-militar tomou a avenida Presidente Vargas, marcando os 202 anos da Independência do Brasil. Milhares de pessoas se reuniram nas laterais da avenida e na Praça da República para acompanhar o desfile, que contou com cerca de 5 mil participantes, entre militares e civis, além de equipamentos e veículos das corporações de segurança pública que atuam no Pará.
No palanque de autoridades, o governador Helder Barbalho, acompanhado de sua esposa Daniela Barbalho e da vice-governadora Hanna Ghassam, assistiu às apresentações ao lado de comandantes militares. O desfile deste ano reforçou o sentimento de patriotismo. O capitão de fragata Oliveira Silva, comandante do 2º Batalhão de Operações Ribeirinhas da Marinha, destacou que “tudo foi providenciado com muito carinho para que a população belenense possa vivenciar esse momento de civismo”.
Enquanto o desfile cívico seguia, outro movimento se desenrolava nas ruas da cidade. Com início na avenida Boulevard Castilhos França, a 30ª edição do Grito dos Excluídos e Excluídas reuniu diversas organizações sociais, igrejas, movimentos e sindicatos para protestar em defesa da justiça social. Sob o lema “Todas as Formas de Vida Importam. Mas Quem se Importa?”, o movimento levou às ruas a discussão sobre a exclusão social e a degradação causada pelo modelo capitalista.
Criado em 1994 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Grito dos Excluídos tem como objetivo dar voz aos marginalizados e denunciar as desigualdades sociais. Este ano, o ato trouxe reflexões também sobre a COP30, que acontecerá em Belém em 2025, ressaltando a importância de políticas ambientais que priorizem as populações mais vulneráveis.
Para Dom Paulo Andreoli, bispo auxiliar de Belém, o envolvimento da Igreja no movimento é essencial. “As pastorais sociais estão há muito tempo nessa luta para responder aos clamores do povo”, afirmou. Além disso, a manifestação deste ano contou com uma série de eventos preparatórios em bairros como Benguí e no território quilombola de Abacatal, mobilizando moradores e líderes comunitários.
O dia 7 de setembro em Belém, portanto, foi marcado por dois momentos emblemáticos: de um lado, a celebração patriótica das forças de segurança e, do outro, o grito por justiça social que ecoa há três décadas, relembrando que, além de honrar o passado, é necessário olhar para o futuro de forma mais inclusiva e solidária.