O debate promovido pela TV Liberal na noite de quinta-feira (3) trouxe à tona as tensões da corrida eleitoral para a Prefeitura de Belém. Com mais de duas horas de duração, o encontro teve como destaque o candidato Igor Normando (MDB), que, embora liderando as intenções de voto com 42%, foi intensamente pressionado por seus cinco adversários, que aproveitaram a oportunidade para questionar sua experiência e a relação com o governador Helder Barbalho.
O deputado sentiu as bordoadas e por várias vezes foi obrigado a exaltar o apoio de Helder e a fazer as mesmas promessas que o governador faz para a cidade com os R$ 4 bilhões que o governo federal mandou para o estado para investimentos na COP 30, que será realizada em Belém em novembro de 2025.
Jefferson Lima, radialista (Podemos) e Edmilson Rodrigues (PSOL), além de Thiago Araújo foram os mais incisivos, apontando que o candidato do MDB parecia mais um representante da família Barbalho do que um verdadeiro líder da cidade. “Você está aqui para ganhar a prefeitura para Helder, porque você não vai governar nada”, provocou Jefferson, ressaltando a percepção de que Normando poderia ser apenas um “fantoche” em uma administração controlada pelo primo.
Além disso, as críticas à atuação de Normando como deputado estadual foram um ponto alto do debate. Edmilson trouxe à tona o voto de Igor contra um projeto que obrigava ônibus a terem ar condicionado, enfatizando a desconexão do candidato com as necessidades da população mais vulnerável: “É o candidato da família Barbalho. Nunca andou de ônibus e não conhece a periferia.”
Em resposta, Igor se defendeu, afirmando que terá a “satisfação” de ser parceiro de Helder e destacando sua coordenação no projeto social Usina da Paz, mostrando que, segundo ele, a experiência em gestão social o qualifica para o cargo. Contudo, sua defesa não conseguiu evitar que a percepção de inexperiência se consolidasse.
Ele disse que vai fazer uma grande gestão na prefeitura e, incomodado com os ataques de que o verdadeiro prefeito da cidade, em caso de vitória, seria Helder, afirmou: “Sou eu que vou governar”.
Enquanto Igor e Edmilson duelavam, a figura do delegado Éder Mauro (PL) parecia ser poupada no debate, com uma única crítica contundente vinda de Thiago Araújo (Republicanos), que o acusou de “fingir um temperamento moderado”. Éder, por sua vez, busca se distanciar de sua imagem truculenta, adotando uma postura mais suave que lhe rendeu o apelido de “Éder Paz e Amor” entre os adversários.
Temas de fora
Surpreendentemente, temas cruciais para Belém, como meio ambiente, saneamento básico, moradia e transporte, ficaram à margem da discussão. A cidade, que enfrenta sérios problemas nessas áreas, viu suas questões mais prementes relegadas a um segundo plano. Embora tenha sido mencionado a COP 30, que ocorrerá em Belém no próximo ano, o debate não se aprofundou nas implicações práticas para a cidade.
O atual prefeito Edmilson, que busca a reeleição, também enfrentou os holofotes, especialmente em relação à sua gestão da coleta de lixo, que gerou forte rejeição popular. Contudo, a quantidade de ataques direcionados a Normando ofuscou a avaliação crítica de sua administração, que poderia ser explorada mais a fundo.
No geral, o debate evidenciou as fragilidades de Normando, que mesmo com apoio sólido, foi levado às cordas por um ataque coordenado de seus adversários. A ausência de discussão sobre questões fundamentais para a população de Belém levanta questões sobre a efetividade do debate como plataforma para escolhas conscientes e bem-informadas por parte dos eleitores.
Com a eleição se aproximando, fica a dúvida: será que os eleitores priorizarão as promessas ou a experiência no momento de votar?