Gelado e Geladinho, as duas maiores barragens da Vale no Pará |
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Aspecto mais detalhado da barragem do Gelado, em Carajás: em volta, a floresta |
O blog Ver-o-Fato sabe que a grande imprensa jamais irá publicar qualquer coisa, uma nota de rodapé que seja, capaz de questionar a Vale sobre seus projetos e suas consequências sociais e ambientais para o nosso Estado. Afinal, a Vale sustenta grupos de comunicação com gordas verbas publicitárias, além de patrocinar eventos retratados na mídia de Belém como grande feito de benemerência e apoio cultural. A empresa não dá bola para os jornais e TVs locais e age com a soberba de sempre, de acordo com suas conveniências. Não se sente obrigada a dar satisfações de seus atos.
A imprensa, convenhamos, é quem precisa mudar sua forma de se relacionar com a Vale para merecer credibilidade de seus leitores, ouvintes e telespectadores. Sabemos que mexer com a Vale, ainda que seja para fazer bom jornalismo, apurando eventual denúncia contra ela e a ouvindo, é carimbar jejum de verbas publicitárias nos veículos de comunicação por tempo indeterminado, sujeitando sua suspensão ao humor de diretorias da empresa ou ao bom comportamento dos patrões da mídia.
Quem já ousou desafiá-la, ou chantageá-la, pagou caro por isso. É o poder exercido com mão de ferro sobre uma imprensa que sempre se manteve subserviente ao substituir a linha editorial pelo tilintar de moedas no caixa. Perde, com isso, quem está em busca de informações corretas e isentas.
Caso se sentisse na obrigação de prestar esclarecimentos à opinião pública e aos moradores do entorno de seus projetos minerais, seria um gesto de decência empresarial que a Vale viesse a público esclarecer como são mantidas suas barragens em terras paraenses e se há algum risco de repetir-se aqui, talvez em proporções incalculáveis, o que se abateu sobre Mariana.
O que está em jogo é a imagem da empresa, que sempre se gaba, em matérias divulgadas, de ser um exemplo no respeito às normas de segurança de seus projetos pelo mundo afora. O blog Ver-o-Fato rompeu o silêncio doloso da imprensa paraense sobre o assunto e procurou a Vale para que ela se posicionasse sobre as aflições de quem vive próximo de suas barragens na região de Carajás. Ela demorou um dia para responder, mas respondeu.
Menos mal. Melhor que calar e alimentar ainda mais dúvidas sobre boatos que correm pela região – um deles dá conta de que nos meses de muita chuva, ano passado, algumas dessas barragens estiveram em regime de “atenção” – de que seus planos de segurança não seriam tão eficazes como a empresa imagina para suas barragens localizadas nos municípios de Marabá, Parauapebas, Ourilândia do Norte, São Félix do Xingu e Canaã dos Carajás.
Barragens de rejeitos são estruturas que têm por finalidade reter resíduos sólidos e água oriundos do processo de beneficiamento de minério. Os rejeitos apresentam na sua composição partículas dissolvidas e em suspensão, além de metais pesados e reagentes químicos. Gelado, Geladinho, Estéril Sul, Pêra Montante e Pêra Jusante são os nomes das cinco barragens da Vale no sul e sudeste do Pará que recebem rejeitos de minérios de ferro, cobre e níquel.
“Neste momento, todas as nossas estruturas estão funcionando em absoluta normalidade, atendendo a todos os requisitos legais vigentes e com todos os aspectos de segurança garantidos”, afirma a Vale ao responder a uma das perguntas feitas pelo blog Ver-o-Fato. Ela diz que, além de “inspeções e monitoramento sistemáticos”, a empresa realiza “auditorias externas anuais para identificação de anomalias e garantia das condições de segurança”.
Falhas podem custar caro
“Se não forem seguidas as normas, diretrizes e legislação, os custos para consertar as eventuais anomalias poderão ser muito elevados, ou seja, antes de construir uma barragem deve-se fazer um reconhecimento adequado do local, investigações geológicas, topografia, programar sondagens e ensaios, fazer análise dos resultados, consultar especialistas para dar sugestões na execução do projeto e ter boas especificações técnicas, recomenda Oliveira, que esteve em Carajás e verificou as condições das barragens da Vale no Pará.
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