A cantora Elza Soares morreu nesta quinta-feira, 20, aos 91 anos, em sua casa no Rio de Janeiro. De acordo com informações de sua assessoria, por meio de nota no Instagram, a intérprete teve morte por causas naturais. Elza fez sucesso interpretando clássicos como Se Acaso Você Chegasse, cuja gravação lançou em 1960.
Seu disco mais recente, Planeta Fome, é de 2019. Em 2020, Elza foi homenageada como enredo da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel. Ela chegou a ser intérprete de sambas da agremiação. Elza morreu no dia em que se completam 39 anos da morte de Garrincha, jogador de futebol com quem foi casada de 1966 até 1982.
Eles tiveram um filho, Garrinchinha, que morreu em 1986, em um acidente de carro.
Elza Gomes da Conceição é considerada uma das maiores cantoras da música brasileira, com carreira no samba que começou no final dos anos 50. O início veio como parte da cena do sambalanço com “Se Acaso Você Chegasse”, em 1959.
Nos 34 discos lançados, ela se aproximou do samba, do jazz, da música eletrônica, do hip hop, do funk e diz que a mistura é proposital. O último disco lançado foi “Planeta Fome” em 2019.
“Eu sempre quis fazer coisa diferente, não suporto rótulo, não sou refrigerante”, comparava Elza. “Eu acompanho o tempo, eu não estou quadrada, não tem essa de ficar paradinha aqui não. O negócio é caminhar. Eu caminho sempre junto com o tempo.”
Desde que lançou o álbum “A mulher do fim do mundo” em 2015, a cantora viveu mais uma fase de renascimento artístico que. “Me deixem cantar até o fim”, pediu Elza em verso da música que batiza o álbum.
Pautada sobretudo pelo suingue da cadência do samba, a primeira fase áurea da cantora abarca discos gravados por Elza nos anos 60 com o cantor Miltinho (1928 – 2014) e com o baterista Wilson das Neves (1936 – 2017).
Fazem parte desta era lançamentos como “O samba é Elza Soares” (1961), “Sambossa” (1963), “Na roda do samba” (1964) e “Um show de Elza” (1965).
Outras fases vieram. Nos anos 70, escolheu cantar o samba de ritmo mais tradicional. A fase rendeu sucessos como “Salve a Mocidade” (Luiz Reis, 1974), “Bom dia, Portela” (David Correa e Bebeto Di São João, 1974), “Pranto livre” (Dida e Everaldo da Viola, 1974) e “Malandro” (Jorge Aragão e Jotabê, 1976).
A artista amargou período de ostracismo na década de 1980 e, quando pensou em desistir de cantar, bateu literalmente na porta de Caetano Veloso, em hotel de São Paulo, para pedir ajuda.
O auxílio veio na forma de convite para Elza participar da gravação do samba-rap Língua (Caetano Veloso, 1984), faixa de álbum pop do cantor, “Velô” (1984).
Essa participação mostrou a bossa negra de Elza Soares a uma nova geração e abriu caminho para que a cantora gravasse e lançasse, em 1985, um álbum menos voltado para o samba, “Somos todos iguais”, com música de Cazuza (1958 – 1990).
Em 2002, sob a direção artística de José Miguel Wisnik, apresentou um dos álbuns mais modernos dela, “Do cóccix até o pescoço”. No ano seguinte, foi a vez de “Vivo feliz”, mais voltado para a eletrônica. (AE e G1)