Belém está fervendo de indignação, sobretudo entre os mais pobres, que gastam parte de seus minguados salários com um transporte público deficiente, de má qualidade e pouco fiscalizado. Para completar, durante reunião realizada nesta manhã de quinta-feira, 24, o Conselho Municipal de Transporte de Belém aprovou o novo preço da tarifa de ônibus na capital: 5 reais.
O valor ainda precisa ser homologado pelo prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL), que mais cedo publicou na redes sociais que aguardava a reunião do conselho para se pronunciar, salientando que a decisão final é da prefeitura. Se o aumento for concretizado, ele representa um reajuste de 39%, segundo o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Após o resultado da reunião do Conselho, o prefeito prometeu que amanhã, 25, vai anunciar o valor a ser homologado. Edmilson disse que a decisão dele vai levar em consideração os elementos técnicos apresentados pelo Conselho, mas que acima de tudo irá “avaliar as condições sócio-econômicas dos usuários do transporte coletivo”.
Um levantamento da página Archi Urbe aponta que um usuário que precisa de dois ônibus por dia terá uma gasto mensal de 240 reais, comprometendo 19,80% do salário mínimo.
Uma coisa, porém, é evidente: os ânimos estão exaltados e há quem diga que o reajuste teria sido combinado para ficar no preço decidido pelo Conselho Municipal de Transporte. Verdade ou não, cabe aos integrantes do tal Conselho virem a público esclarecer as suspeitas de conluio com os interesses dos donos de ônibus.
A reunião que definiu o reajuste acabou com a sede da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) invadida por manifestantes que entraram em confronto com a Guarda Municipal. Era lá dentro que ocorria a reunião do Conselho. Os guardas dispersaram os insatisfeitos com o aumento da tarifa, sob vaias, gritos e empurrões.
Passeata expõe mazelas do transporte
Enquanto o reajuste era debatido, estudantes do Instituto Federal do Pará (IFPA) se juntaram com colegas de outras instituições e realizaram um protesto, fechando a avenida Almirante Barroso, bem na frente do Campus Belém do Instituto, no bairro do Marco.
Com faixas e cartazes, eles gritaram palavras de ordem contra o aumento da tarifa. E apontavam para a péssima condição dos ônibus que trafegam pela capital, bem como para o atual cenário de crise econômica que já afeta a renda das famílias. Atualmente, o valor para estudante é de 1 real e 80 centavos. Com o aumento, pode chegar a 2 reais e 50 centavos, somente com a meia passagem.
Os empresários alegam que o atual valor da tarifa está defasado frente aos crescentes aumentos dos preços dos combustíveis. Há 3 anos a tarifa não recebe alteração. Para eles, o reajuste deveria ser de R$ 5,12, mas o órgão ligado à prefeitura decidiu por R$ 5,00. Praticamente de acordo com o que pedem os donos de ônibus.
Veja o vídeo do protesto e invasão na Semob: