O jornalista e escritor Walbert Monteiro é o mais novo “imortal” da Academia Paraense de Letras (APL). Ele assumiu o posto na última quinta-feira, 21, e ocupa a cadeira de número 22, que teve como primeiro ocupante, nas décadas iniciais do século passado, o também jornalista João Pedro de Figueiredo e, por último, o médico João Paulo do Valle Mendes.
Com um discurso em que permeou citações de grandes literatos, internacionais e locais, Walbert, que também é da Academia Paraense de Jornalismo (ALJ), da qual já foi inclusive presidente, falou de amizade, lealdade, os arroubos políticos e ideológicos de sua juventude, enfatizando que entra na APL com o “sentimento de aprendiz e humildade, no sentido de buscar haurir da experiência dos imortais”.
Ele foi saudado pelo jornalista, advogado e escritor Octávio Avertano Rocha, que manifestou a alegria de a APL poder contar em seus quadros com a presença e a vivacidade intelectual do novo acadêmico. O presidente da APL, advogado Ivanildo Alves, manifestou, durante a saudação, o “júbilo, alegria e satisfação em receber um membro do nível e gabarito do Walbert Monteiro, autor de vários livros, que demonstram toda a sua fecundidade intelectual. E, sabemos que com isso ganha não só a Academia Paraense de Letras, mas todo o Pará, que se enriquece”.
Com uma produção intelectual que inclui várias obras, destacando-se a mais recente, “O Círio de Nazaré – Meu Olhar de Fé”, além de “Reflexões Reclusas”, “Rosário – Um Tesouro que se Redescobre”, e “Igrejas Históricas de Belém”, Walbert Monteiro disse em seu discurso que se sentia “reconhecido, a cada um dos confrades que sufragaram minha postulação, comprometendo-me a envidar esforços no sentido de não os decepcionar, do mesmo modo que abraço fraternalmente os demais, afirmando meus propósitos de conquistar-lhes a confiança e apreço com o testemunho de minha efetiva participação nas atividades deste Silogeu”.
Citando William Shakespeare, em “O Menestrel”, ele disse: “aprendi que, só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso”.
Em outro trecho, destacou que seu conceito sobre amizade “busca a compreensão mais profunda do ser amigo”. E continuou: “por isso, não cultuo amizades circunstanciais, pois quero ser amigo da pessoa pelo que ela é, jamais pelo que ela tem ou pode oferecer em termo de favores. Enojam-me as pessoas que transformam seus relacionamentos em produtos descartáveis, abandonando-os assim que não mais servirem aos seus interesses. As que só se lembram dos amigos, quando deles precisam”.
Mais adiante, declarou: “sensibilizam-me os que se sentem confortáveis entre os humildes que nada lhes podem oferecer. Como Kipling, procuro não me corromper entre a plebe, mantendo a naturalidade no convívio com os poderosos de plantão”. Também disse que, por ser polêmico, gosta de defender as próprias idéias, apreciando um debate que, “dentro do respeito recíproco, seja ardoroso e possibilite, pelo conteúdo das teses, aprimorar conhecimentos. Não tenho a presunção de ser dono da verdade e, sempre que demonstrado o meu erro, não hesito em reconhecer”.
Na parte final do discurso, Walbert assinalou que ao aceitar os princípios e fundamentos da APL, irá se empenhar “para que não nos fechemos em nós mesmos, isolados em um círculo de conhecimentos e saberes que temos o dever de compartilhar”.
E parafraseando o papa Francisco, resumiu ser dever da APL “alcançar as periferias existenciais do nosso mundo”, pois. existem multidões que “são carentes de tudo, inclusive de educação e cultura, para as quais deveremos voltar, também, nosso olhar e estender nossas mãos”. Por fim, citou João Paulo do Valle Mendes, pregando que “sejamos fiéis aos objetivos dos que fundaram esta Academia” e continuemos “a ser um templo que se faz ouvir com respeito e acatamento, atento à defesa dos valores culturais, concorrendo para o desenvolvimento das várias manifestações da criação literária, científica e artística”.