Um rapaz de 35 anos, portador de deficiência mental moderada irreversível, está preso em uma cela da Delegacia da Polícia Civil da Marambaia, em Belém, desde a última quinta-feira (22), apontado como suspeito de um possível crime de assédio sexual.
A prisão do rapaz, que segundo familiares e diagnóstico médico, tem comportamento de uma criança de 5 anos, devido à doença, provocou revolta em parentes, vizinhos e amigos. “A prisão deste rapaz é uma arbitrariedade, abuso de poder, chegando até ser desumanidade de quem acusou e dos policiais que o prenderam”, desabafou uma senhora que não terá a identidade revelada.
Vizinhos, familiares e amigos do rapaz, que se chama Jorge Luís da Silva dos Santos, mais conhecido como “Jorginho”, fizeram uma manifestação na frente da Delegacia da Marambaia, na terça-feira (27), pedindo a libertação dele e explicando que ele é portador de patologia neurológica definitiva, Cid 10, F11.1. (retardo mental moderado).
Mesmo com a apresentação do laudo, depoimento de várias pessoas e o apelo dos pais do rapaz, ele continuou preso. “Qualquer pessoa que conheça a lei sabe que ele não poderia ter sido preso, pois é evidente que o rapaz sofre de uma doença mental. Que polícia é essa que prende um rapaz incapaz?”, questionou um manifestante.
“Não entendemos a crueldade de uma autoridade policial que prendeu em flagrante o Jorginho. O rapaz tem retardo mental e costuma abraçar e até beijar qualquer pessoa que se aproxime dele, mas não tem maldade nesse gesto, é o impulso. Foi assim que aconteceu. Ele foi abraçar uma moça e os pais dela o acusaram de assédio sexual. E a polícia o prendeu por isso, que absurdo”, disse uma amiga da família de Jorginho.
Assinatura suspeita
Os manifestantes enviaram ao Ver-o-Fato, a nota de culpa “assinada” por Jorginho na Delegacia da Polícia Civil da Guanabara, jurisdição do caso. Segundo eles, “Jorginho não sabe pegar nem no lápis, muito menos sabe escrever, mas ‘assinou’ a nota de culpa feita pelo delegado Heitor de Araújo Pinto, da Delegacia da Guanabara, às 14h27, do último dia 22 deste mês. Tem alguma coisa errada nessa história”, suspeitou outro amigo da família.
O fato ocorreu no Bairro da Guanabara, onde foi feito o auto de prisão em flagrante, mas o rapaz foi transferido para uma cela da Delegacia da Marambaia, onde ficou recolhido com outros detentos. “Ele corre o risco de ser espancado, porque nunca ficou preso, além do mais deve estar em surto, porque não deixaram ele tomar os remédios controlados, nem deixaram a mãe dele falar com ele. Isso é muita crueldade”, falou outro amigo.
Apelo público
Os manifestantes também usaram as redes sociais para apelar pela libertação de Jorginho.
Veja a postagem:
“Boa noite a todos. Estamos mobilizando a sociedade paraense para uma injustiça e abuso de poder do estado. Está preso na Delegacia da Marambaia o rapaz conhecido no meio familiar como Jorginho. Pedimos ajuda e apoio de todos que se sensibilizam com as injustiças praticadas todos os dias contra os inocentes.
É nosso dever como cristãos, seguidores do Evangelho de Jesus, lutarmos a favor da verdade, da justiça. Jorginho é um rapaz que familiares, amigos e vizinhos gostam, é uma criança mentalmente, que vive o seu próprio mundo, sem fazer mal a ninguém ao longo de sua vida”.

