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O empresário paraense André Franco não foi o primeiro, nem será o último, a ser enganado pelo golpe, pela Internet, do amor virtual que termina em tragédia. Como bem mostra reportagem do Diário do Pará deste domingo, o caso terminou na polícia, a “amada” nunca existiu e a morte dela, por consequência, não foi física, mas tão somente virtual.
A jovem suspeita de ter armado tudo já foi ouvida pela polícia, mas André Franco adianta que não pretende processá-la por dano material e emocional, embora tenha torrado dinheiro com passagens e hospedagens fora do Pará para encontrar o tão sonhado amor de sua vida, e sofrido forte abalo psicológico ao descobrir que tudo não passava de uma farsa.
É um caso – mais um – digno de roteiro cinematográfico em que a vida virtual, com seus sonhos, ilusões e armadilhas, confronta-se com a vida real, de solidão, abandono e carência afetiva. Talvez André não queira interpretar o personagem principal dessa trama nada edificante em sua vida. Prefere virar a página, no que está coberto de razões.
Teve sorte de não ter remetido dinheiro para a bela e rica que o atraiu e que dizia morar no Villa Firenze, um condomínio de luxo em Ananindeua, inventou doenças para não encontrá-lo pessoalmente, mudou-se do Pará para São Paulo num piscar de olhos, marcou encontro no Rio de Janeiro e, ufa, finalmente faltou ao derradeiro encontro marcado com o “namorado” dono de três lojas em Belém porque havia “morrido em um assalto” em Sampa.
Caso diferente do ocorrido com a inglesa Vicky Fowkes. Ela conheceu em um site de
relacionamentos um suposto engenheiro civil que dizia se chamar John
Hawkins. O homem dizia ser sul-africano e viver na Inglaterra, mas
estaria na Nigéria a trabalho. A certa altura, Hawkins disse que
retornaria à Inglaterra e que poderia encontrar Vicky. Porém, teria
sido impedido de sair da Nigéria por dever impostos. O falsário
pediu, então, ajuda à vítima, que entregou de bandeja 40.000
libras, o equivalente a pouco mais de 100.000 reais.
relacionamentos um suposto engenheiro civil que dizia se chamar John
Hawkins. O homem dizia ser sul-africano e viver na Inglaterra, mas
estaria na Nigéria a trabalho. A certa altura, Hawkins disse que
retornaria à Inglaterra e que poderia encontrar Vicky. Porém, teria
sido impedido de sair da Nigéria por dever impostos. O falsário
pediu, então, ajuda à vítima, que entregou de bandeja 40.000
libras, o equivalente a pouco mais de 100.000 reais.
Esse tipo de golpe é bastante comum no Reino
Unido. De acordo com a reportagem do jornal Daily Mail, um estudo da
Universidade de Leicester constatou que cerca de 200.000 pessoas já
foram enganadas em namoros virtuais. Os valores entregues a título
de ajuda ao falso namorado ou namorada variaram de 50 a mais de
275.000 libras.
Unido. De acordo com a reportagem do jornal Daily Mail, um estudo da
Universidade de Leicester constatou que cerca de 200.000 pessoas já
foram enganadas em namoros virtuais. Os valores entregues a título
de ajuda ao falso namorado ou namorada variaram de 50 a mais de
275.000 libras.
Mas não é só em terras britânicas que ocorre o
golpe do namoro pela internet. Esquemas como o que vitimou Vicky são
aplicados em todo mundo, e a história do sujeito que está em terras
estrangeiras e precisa de ajuda financeira é largamente aplicada. O
Brasil mesmo já teve a sua Vicky Fowkes, que, no entanto, entregou
uma quantia bem menor ao bandido.
golpe do namoro pela internet. Esquemas como o que vitimou Vicky são
aplicados em todo mundo, e a história do sujeito que está em terras
estrangeiras e precisa de ajuda financeira é largamente aplicada. O
Brasil mesmo já teve a sua Vicky Fowkes, que, no entanto, entregou
uma quantia bem menor ao bandido.
Em 2009, uma mulher de Belo Horizonte conheceu
pela internet um brasileiro que dizia morar nos Estados Unidos. Ele
pediu dinheiro para comprar sua passagem ao Brasil e, depois, para
custear despesas médicas. No fim das contas, a vítima depositou-lhe
2.900 reais. Quando constatou a fraude, foi à delegacia registrar a
ocorrência. “A moça nem desconfiou do fato de a conta do sujeito
ser de São Paulo”, diz Bruno Tasca Cabral, delegado que cuidou do
caso à época.
pela internet um brasileiro que dizia morar nos Estados Unidos. Ele
pediu dinheiro para comprar sua passagem ao Brasil e, depois, para
custear despesas médicas. No fim das contas, a vítima depositou-lhe
2.900 reais. Quando constatou a fraude, foi à delegacia registrar a
ocorrência. “A moça nem desconfiou do fato de a conta do sujeito
ser de São Paulo”, diz Bruno Tasca Cabral, delegado que cuidou do
caso à época.
Histórias convincentes
Ao se deparar com uma história desse tipo, a
reação de muita gente pode ser de incredulidade frente à aparente
ingenuidade das vítimas. Mas é bom atentar para o fato de que
muitos dos estelionatários que aplicam esse tipo de golpe muitas
vezes sofisticam suas histórias pessoais para ganhar a confiança da
vítima, que frequentemente está passando por um momento de
fragilidade emocional. Os relatos são tão ricos em detalhes que
poderiam virar roteiros de cinema.
reação de muita gente pode ser de incredulidade frente à aparente
ingenuidade das vítimas. Mas é bom atentar para o fato de que
muitos dos estelionatários que aplicam esse tipo de golpe muitas
vezes sofisticam suas histórias pessoais para ganhar a confiança da
vítima, que frequentemente está passando por um momento de
fragilidade emocional. Os relatos são tão ricos em detalhes que
poderiam virar roteiros de cinema.
No caso britânico, fraudador e vítima
conversaram durante alguns meses antes que ele pedisse dinheiro pela
primeira vez. Os dois se falavam inclusive por telefone,
possibilitando a Vicky identificar um sotaque sul-africano que ela
achou “encantador”. “Nós conversávamos sobre tudo que existia
sob o sol – famílias, relacionamentos, hobbies, interesses,
animais de estimação, nosso passado. Eu confiava nele
completamente”, disse a britânica ao Daily Mail.
conversaram durante alguns meses antes que ele pedisse dinheiro pela
primeira vez. Os dois se falavam inclusive por telefone,
possibilitando a Vicky identificar um sotaque sul-africano que ela
achou “encantador”. “Nós conversávamos sobre tudo que existia
sob o sol – famílias, relacionamentos, hobbies, interesses,
animais de estimação, nosso passado. Eu confiava nele
completamente”, disse a britânica ao Daily Mail.
Segundo ela, Hawkins pintou um cenário rico em
detalhes de como seria sua vida na Inglaterra. Enviou-lhe fotos
convincentes – aparentava ter cinquenta e poucos anos – e tinha
resposta para todos os questionamentos de Vicky. Por que ele
precisava do dinheiro dela para pagar o débito com o governo
nigeriano? Por que tinha sido roubado, estava sem seus cartões e,
portanto, sem acesso a suas contas britânicas. Por que não pedia
ajuda à família? Porque não queria alarmar sua mãe. “Para tudo
que eu perguntava – como por que a embaixada não poderia ajudar –
ele sempre tinha uma resposta”, disse Vicky ao jornal.
detalhes de como seria sua vida na Inglaterra. Enviou-lhe fotos
convincentes – aparentava ter cinquenta e poucos anos – e tinha
resposta para todos os questionamentos de Vicky. Por que ele
precisava do dinheiro dela para pagar o débito com o governo
nigeriano? Por que tinha sido roubado, estava sem seus cartões e,
portanto, sem acesso a suas contas britânicas. Por que não pedia
ajuda à família? Porque não queria alarmar sua mãe. “Para tudo
que eu perguntava – como por que a embaixada não poderia ajudar –
ele sempre tinha uma resposta”, disse Vicky ao jornal.
No Brasil, a mentira do fraudador de 2009 também
era rica em detalhes. Após conversar pela internet durante certo
tempo, a vítima se apaixonou pelo falsário, que marcou sua ida ao
Brasil para vê-la. No entanto, alegando estar desempregado, o homem
pediu dinheiro a vítima para a passagem, e forneceu-lhe dados de uma
conta bancária em São Paulo. Na véspera da suposta viagem, ele
disse que não poderia embarcar, pois havia sofrido um acidente de
carro.
era rica em detalhes. Após conversar pela internet durante certo
tempo, a vítima se apaixonou pelo falsário, que marcou sua ida ao
Brasil para vê-la. No entanto, alegando estar desempregado, o homem
pediu dinheiro a vítima para a passagem, e forneceu-lhe dados de uma
conta bancária em São Paulo. Na véspera da suposta viagem, ele
disse que não poderia embarcar, pois havia sofrido um acidente de
carro.
Para dar veracidade à história, o estelionatário
buscou fotos de acidentes de carro na internet e forjou imagens de si
mesmo ferido, que foram enviadas à moça pelo correio. “Ele deitou
numa cama, se enfaixou todo, maquiou-se para parecer ter um olho roxo
e pôs um canudinho para parecer que estava tomando soro”,
descreveu o delegado. A vítima, então, enviou-lhe mais dinheiro
para as despesas médicas, numa quantia que totalizou 2.900 reais.
buscou fotos de acidentes de carro na internet e forjou imagens de si
mesmo ferido, que foram enviadas à moça pelo correio. “Ele deitou
numa cama, se enfaixou todo, maquiou-se para parecer ter um olho roxo
e pôs um canudinho para parecer que estava tomando soro”,
descreveu o delegado. A vítima, então, enviou-lhe mais dinheiro
para as despesas médicas, numa quantia que totalizou 2.900 reais.
“Você jamais deve considerar que está
conversando com a pessoa. Até que você tenha referências
suficientes para checar seu background, não é uma pessoa, são
letras e números”, diz Alexandre Atheniense,
advogado especializado em Direito da Tecnologia da Informação que
atua em Minas Gerais.
conversando com a pessoa. Até que você tenha referências
suficientes para checar seu background, não é uma pessoa, são
letras e números”, diz Alexandre Atheniense,
advogado especializado em Direito da Tecnologia da Informação que
atua em Minas Gerais.
Outros casos
Em ambos os casos, as vítimas só perceberam o
esquema quando já era tarde demais, e foram à polícia fazer o
registro. No caso brasileiro, o bandido foi identificado e o processo
agora corre na Justiça de São Paulo, de onde o fraudador cometeu o
crime. Porém, em fóruns e comunidades da internet não faltam
comentários de pessoas que dizem já ter sofrido tentativas de
golpes semelhantes em sites de relacionamento.
esquema quando já era tarde demais, e foram à polícia fazer o
registro. No caso brasileiro, o bandido foi identificado e o processo
agora corre na Justiça de São Paulo, de onde o fraudador cometeu o
crime. Porém, em fóruns e comunidades da internet não faltam
comentários de pessoas que dizem já ter sofrido tentativas de
golpes semelhantes em sites de relacionamento.
Quase sempre o fraudador diz estar baseado em um
país estrangeiro e precisar de ajuda financeira por algum motivo
mirabolante. Um golpe muito comum, inclusive no Brasil, é o das
supostas russas que tentam extorquir homens que conhecem em sites de
namoro. São estelionatários que usam e-mails e nomes falsos –
Anastasiya, Angelica, Anna Strokova, Elenka Vasilyeva, entre outros
-, enviam fotos de lindas mulheres russas para fisgar suas vítimas e
pedem dinheiro para as mais variadas despesas.
país estrangeiro e precisar de ajuda financeira por algum motivo
mirabolante. Um golpe muito comum, inclusive no Brasil, é o das
supostas russas que tentam extorquir homens que conhecem em sites de
namoro. São estelionatários que usam e-mails e nomes falsos –
Anastasiya, Angelica, Anna Strokova, Elenka Vasilyeva, entre outros
-, enviam fotos de lindas mulheres russas para fisgar suas vítimas e
pedem dinheiro para as mais variadas despesas.
A Nigéria é um país constantemente mencionado
em casos de embustes amorosos, assim como outros países africanos,
como Gana e Serra Leoa. Muitos dos golpistas são de fato nigerianos
e de outras partes da África, mas também há fraudadores em países
como Inglaterra e Canadá.
em casos de embustes amorosos, assim como outros países africanos,
como Gana e Serra Leoa. Muitos dos golpistas são de fato nigerianos
e de outras partes da África, mas também há fraudadores em países
como Inglaterra e Canadá.
Não é de hoje que a Nigéria é mencionada em
mensagens de golpistas. Mesmo antes de a internet se popularizar, já
existia o golpe da “carta da Nigéria” – que hoje vem por
e-mail – com uma oferta de emprego na África ou gordas recompensas
em dinheiro para quem depositar, para o remetente, uma determinada
quantia. Quem se dispõe a conversar com o golpista vai se deparar
com histórias incríveis e ricas em detalhes.
mensagens de golpistas. Mesmo antes de a internet se popularizar, já
existia o golpe da “carta da Nigéria” – que hoje vem por
e-mail – com uma oferta de emprego na África ou gordas recompensas
em dinheiro para quem depositar, para o remetente, uma determinada
quantia. Quem se dispõe a conversar com o golpista vai se deparar
com histórias incríveis e ricas em detalhes.
Dicas
Fazer amizades e começar namoros pela internet já
é uma realidade. Mas antes de confiar na pessoa com quem você se
corresponde, é preciso checar suas referências virtuais e reais.
“Qualquer golpista evita dar referências presenciais sobre si. Ele
vai tentar conduzir toda a sua interlocução pelo meio eletrônico”,
diz Alexandre Atheniense.
é uma realidade. Mas antes de confiar na pessoa com quem você se
corresponde, é preciso checar suas referências virtuais e reais.
“Qualquer golpista evita dar referências presenciais sobre si. Ele
vai tentar conduzir toda a sua interlocução pelo meio eletrônico”,
diz Alexandre Atheniense.
O primeiro passo é checar o nome da pessoa nas
redes sociais e nos mecanismos de busca. A falta de informações é
um primeiro sinal de suspeita. Busque também seu e-mail nos
mecanismos de busca para verificar se aquela conta já não foi usada
em golpes anteriores. Existem centenas de sites e fóruns online em
que os internautas alertam sobre golpistas reincidentes.
redes sociais e nos mecanismos de busca. A falta de informações é
um primeiro sinal de suspeita. Busque também seu e-mail nos
mecanismos de busca para verificar se aquela conta já não foi usada
em golpes anteriores. Existem centenas de sites e fóruns online em
que os internautas alertam sobre golpistas reincidentes.
“Mas não se contente com as referências
virtuais, cheque também referências presenciais”, alerta o
advogado. Verifique se a pessoa realmente trabalha onde diz
trabalhar. E se, depois de um tempo de relacionamento, ela não
fornecer um endereço físico, não embarque. É claro que existem
golpistas que chegam a se relacionar presencialmente com as vítimas
para, depois, roubá-las. Mas a prevenção virtual já evita boa
parte dos embustes.
virtuais, cheque também referências presenciais”, alerta o
advogado. Verifique se a pessoa realmente trabalha onde diz
trabalhar. E se, depois de um tempo de relacionamento, ela não
fornecer um endereço físico, não embarque. É claro que existem
golpistas que chegam a se relacionar presencialmente com as vítimas
para, depois, roubá-las. Mas a prevenção virtual já evita boa
parte dos embustes.
Existem ainda outros elementos que evidenciam os
golpes logo de cara. “São comuns erros de português nesses
e-mails. Se houver, logo no primeiro contato, uma oferta mirabolante
mediante depósito em dinheiro, mesmo que o remetente seja conhecido,
é golpe na certa. Ninguém faz uma abordagem assim tão direta, por
melhor que seja a proposta”, resume Atheniense.
golpes logo de cara. “São comuns erros de português nesses
e-mails. Se houver, logo no primeiro contato, uma oferta mirabolante
mediante depósito em dinheiro, mesmo que o remetente seja conhecido,
é golpe na certa. Ninguém faz uma abordagem assim tão direta, por
melhor que seja a proposta”, resume Atheniense.
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