Entre 1984 e 1985, o redator e editor do Ver-o-Fato chefiava o jornalismo da Rádio Clube do Pará, a antiga PRC-5. Ao meio-dia, de segunda à sexta-feira, enquanto nas outras rádios pululavam programas policiais (na Rádio Marajoara, por exemplo, havia o “Patrulha da Cidade” ), na Rádio Clube era apresentado o programa “Sala de Debates”, apresentado pelo redator e editor deste blog, e que contava
sempre com a jornalista Lúcia Leão, falando sobre direitos e cidadania. Sempre havia entrevistas polêmicas no programa e os ouvintes participavam intensamente, fazendo denúncias e críticas ao vivo. A audiência era grande.
sempre com a jornalista Lúcia Leão, falando sobre direitos e cidadania. Sempre havia entrevistas polêmicas no programa e os ouvintes participavam intensamente, fazendo denúncias e críticas ao vivo. A audiência era grande.
Num desses programas, por volta de dezembro de 1984, no auge da perseguição de latifundiários da Gleba Cidapar e da própria Polícia Militar contra Quintino Lira da Silva, um homem que sozinho apavorava meio mundo de poderosos e governantes de plantão, quem telefonou para a emissora – muito ouvida em Ourém, Garrafão do Norte, Capitão
Poço e Viseu – foi o próprio Quintino. Ele queria falar com o jornalista Carlos Mendes e ligou de um telefone
público.
Poço e Viseu – foi o próprio Quintino. Ele queria falar com o jornalista Carlos Mendes e ligou de um telefone
público.
No ar, por mais de 10 minutos, Quintino foi entrevistado e contou o que ocorria na
região, denunciando que era caçado porque defendia pessoas despejadas de seus lotes por grandes fazendeiros oriundos de outros estados. Quintino também falou da repressão
policial e da pistolagem contra os colonos comandada por James
Vita Lopes, que em 1987 seria um dos principais envolvidos na morte do ex-deputado Paulo Fonteles, uma execução que chocou o país.
região, denunciando que era caçado porque defendia pessoas despejadas de seus lotes por grandes fazendeiros oriundos de outros estados. Quintino também falou da repressão
policial e da pistolagem contra os colonos comandada por James
Vita Lopes, que em 1987 seria um dos principais envolvidos na morte do ex-deputado Paulo Fonteles, uma execução que chocou o país.
No final da entrevista, Quintino afirmou que precisava desligar o telefone porque estava sendo caçado pela PM e a qualquer momento poderia ser
morto pelas forças do Estado. Foi uma entrevista bombástica, cuja
gravação se perdeu, juntamente com parte do acervo de programas – bons
programas – da Rádio Clube.
morto pelas forças do Estado. Foi uma entrevista bombástica, cuja
gravação se perdeu, juntamente com parte do acervo de programas – bons
programas – da Rádio Clube.
Nessa época, a rádio pertencia ao grupo comandado pelo empresário Jair Bernardino. Antes do final de 1985, a rádio passou para o controle do então governador à época, Jader Barbalho.
O editor do blog já tentou resgatar essa entrevista, importante para a história política e policial do Estado, mas ainda não conseguiu encontrá-la. Nos livros sobre a história do Quintino essa entrevista
sequer é mencionada – uma falha grave, porque se trata de um documento
sonoro público, que foi do conhecimento de milhares de ouvintes da rádio.
sequer é mencionada – uma falha grave, porque se trata de um documento
sonoro público, que foi do conhecimento de milhares de ouvintes da rádio.
Menos de um mês depois, em janeiro de 1985, Quintino foi morto com dezenas de tiros por policiais militares que eram comandados pelo capitão Raimundo Cordovil.
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