Francisco Sidou – jornalista e escritor *
O Banco da Amazônia chegou a possuir conceituada biblioteca, referência em estudos e pesquisas sobre temas amazônicos. Também manteve um Departamento de Estudos Econômicos, que incentivava a pesquisa e editava estudos acadêmicos, teses de mestrado e doutorado sobre a Amazônia.
Professores, técnicos e estudantes visitavam a Biblioteca do Basa com frequência para instruir seus trabalhos de pesquisa e conclusão de teses acadêmicas. Os funcionários da Instituição também tinham livre acesso a esse importante acervo sobre a Amazônia.
Enfim, era um polo de conhecimento sobre os problemas e peculiaridades da região. O Basa cumpria, assim, com excelência, o seu importante papel de Banco de Desenvolvimento,, que difere de um banco meramente comercial.
Como ex-funcionário do Banco e então assíduo frequentador de sua biblioteca – onde buscava aprimorar meus conhecimentos como coordenador de cursos de qualificação profissional em seu Centro de Treinamento (CETRE),também extinto – fiquei deveras triste com a notícia de seu fechamento, sem qualquer aviso prévio ou posterior a essa lamentável decisão, certamente tomada por tecnocratas de gabinete, que não possuem a dimensão do que seja a missão de um Banco de Desenvolvimento em uma Região tão carente de Saberes & Pesquisas como ´a nossa Amazônia.
Lendo postagem de uma distinta amiga e ex-colega, pesquisadora Maria Martins da Silva, que soube disso ao procurar acesso à biblioteca no prédio sede da Instituição, procurei alguma informação adicional sobre os motivos dessa decisão infeliz.
Há uma espécie de “cortina de silêncio” em relação ao assunto, (“interna corporis”), mas consegui apurar que uma das justificativas apresentadas era ‘a de que a a biblioteca ocupava muito espaço, quase um andar,”…,além de fragilizar a ‘segurança” no prédio com o acesso público.
Resumo da ópera: o valioso espaço cultural cedeu lugar a computadores e funcionários. E suas valiosas obras possivelmente estão encaixotadas para futuro e silencioso descarte. E assim se vai e esvai mais um Espaço Cultural em Belém às vésperas de sediar a COP-30.
A quem apelar ?
- Francisco Sidou é jornalista e escritor, autor de obras como “Data Vênia” e Meros Toques, esta última recentemente lançado