ADVERTISEMENT
Felipe Duarte
Quem nunca teve a curiosidade de desenhar a árvore genealógica de sua
família? Ainda mais sendo oriundo de uma família de imigrantes (alemã,
italiana, etc). Aquela ‘pontinha’ de curiosidade, que ajuda a pensar “de
onde venho e para onde vou”? Pois nestes últimos dias, resolvi me
debruçar sobre a história dos partidos políticos brasileiros e fazer o
mesmo.
família? Ainda mais sendo oriundo de uma família de imigrantes (alemã,
italiana, etc). Aquela ‘pontinha’ de curiosidade, que ajuda a pensar “de
onde venho e para onde vou”? Pois nestes últimos dias, resolvi me
debruçar sobre a história dos partidos políticos brasileiros e fazer o
mesmo.
Como não sou historiador, nem cientista político, o desenho pode
apresentar falhas. No entanto, ajudou-me a organizar as ideias e
reconhecer melhor em qual terreno e contexto se inserem alguns partidos
atuais. Na dúvida, veja o quadro acima.
apresentar falhas. No entanto, ajudou-me a organizar as ideias e
reconhecer melhor em qual terreno e contexto se inserem alguns partidos
atuais. Na dúvida, veja o quadro acima.
– Brasil Império e República Velha
Para começo de conversa, durante o Brasil Império (1822-1889), dois
partidos “de direita”, que defendiam a manutenção da
escravatura, bipolarizaram o poder: Partido Liberal e Partido
Conservador. O cenário só começou a mudar com a aparição dos Partidos
Republicanos. Não existia uma união nacional nesta época, com os quadros
sendo formados dentro dos Estados (o Partido Republicano Paulista, o
Mineiro, e o Riograndense, de Júlio de Castilhos, por exemplo).
Estes
dominaram o palco principalmente a partir da Proclamação da República e
estabelecendo a política do ‘café com leite‘, com paulistas e
mineiros se revezando no poder. É preciso compreender que neste período
não havia o sufrágio universal. Ou seja, mulheres e pobres não iam às
urnas. Portanto, as referências políticas eram pessoas da elite social.
dominaram o palco principalmente a partir da Proclamação da República e
estabelecendo a política do ‘café com leite‘, com paulistas e
mineiros se revezando no poder. É preciso compreender que neste período
não havia o sufrágio universal. Ou seja, mulheres e pobres não iam às
urnas. Portanto, as referências políticas eram pessoas da elite social.
– Era Vargas
Oriundo do PRR (Partido Republicano Riograndense), o gaúcho Getúlio
Vargas chegou à presidência em 1930 graças a um golpe de Estado que
interrompeu o revezamento de paulistas e mineiros. Quatro anos depois,
promulgou uma nova Constituição, impondo entre outras coisas o voto
secreto, o voto às mulheres e direitos trabalhistas.
Vargas chegou à presidência em 1930 graças a um golpe de Estado que
interrompeu o revezamento de paulistas e mineiros. Quatro anos depois,
promulgou uma nova Constituição, impondo entre outras coisas o voto
secreto, o voto às mulheres e direitos trabalhistas.
Com a implantação
do Estado Novo (nada mais do que uma ditadura populista), viu as
oposições se radicalizarem entre extrema-direita e extrema-esquerda:
Ação Integralista Brasileira (AIB), que defendia um governo fascista; e
Aliança Nacional Libertadora (ANL), formada por integrantes do PCB
(Partido Comunista Brasileiro).
do Estado Novo (nada mais do que uma ditadura populista), viu as
oposições se radicalizarem entre extrema-direita e extrema-esquerda:
Ação Integralista Brasileira (AIB), que defendia um governo fascista; e
Aliança Nacional Libertadora (ANL), formada por integrantes do PCB
(Partido Comunista Brasileiro).
Aliás, este último, conhecido como
‘Partidão’, foi o primeiro viés de esquerda na política nacional,
fundado ainda em 1922, acabou sendo tornado ilegal por muitos dos
governos que assumiram o país. Apesar de fortes revoluções organizadas
por essas duas frentes, Vargas manteve-se na presidência até 1945.
‘Partidão’, foi o primeiro viés de esquerda na política nacional,
fundado ainda em 1922, acabou sendo tornado ilegal por muitos dos
governos que assumiram o país. Apesar de fortes revoluções organizadas
por essas duas frentes, Vargas manteve-se na presidência até 1945.
Voltaria eleito cinco anos depois, mas antes ainda foi o avalizador de
dois partidos que seriam fundados: PSD (Partido Social Democrático) e
PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) – pelo qual se filiou. No espectro
oposto, surgiria a UDN (União Democrática Nacional), uma herdeira dos
Partidos Conservador e Liberal. Seria a principal oposição ao governo
getulista até seu suicídio em 1954.
dois partidos que seriam fundados: PSD (Partido Social Democrático) e
PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) – pelo qual se filiou. No espectro
oposto, surgiria a UDN (União Democrática Nacional), uma herdeira dos
Partidos Conservador e Liberal. Seria a principal oposição ao governo
getulista até seu suicídio em 1954.
– Ditadura Militar
Com o golpe militar de 1964, apoiado inicialmente pela UDN para derrubar
o governo trabalhista de João Goulart (‘filho político’ de Getúlio),
todos os partidos – da esquerda à direita – entraram na ilegalidade. Do
PCdoB (Partido Comunista do Brasil, herdeiro do PCB), passando pelo PSB
(Partido Socialista Brasileiro, encontro de ideologias entre PCB e PTB),
PDC (Partido Democrata Cristão) e alcançando até a própria UDN.
Permitia-se apenas a adesão a duas vertentes: MDB (Movimento Democrático
Brasileiro) e ARENA (Aliança Renovadora Nacional). Era como se, de uma
hora para outra, a política nacional voltasse ao período do Brasil
Império, onde vigoravam apenas os liberais e conservadores.
Brasileiro) e ARENA (Aliança Renovadora Nacional). Era como se, de uma
hora para outra, a política nacional voltasse ao período do Brasil
Império, onde vigoravam apenas os liberais e conservadores.
Os quadros
da centro-esquerda foram forçados ao exílio (como o petebista Leonel
Brizola), enquanto os da extrema-esquerda assumiram a ilegalidade para
criar grupos armados – ALN (Aliança Libertadora Nacional), MR8
(Movimento Revolucionário 8 de Outubro). VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), entre outros.
da centro-esquerda foram forçados ao exílio (como o petebista Leonel
Brizola), enquanto os da extrema-esquerda assumiram a ilegalidade para
criar grupos armados – ALN (Aliança Libertadora Nacional), MR8
(Movimento Revolucionário 8 de Outubro). VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), entre outros.
– Reabertura política
Diante das manifestações populares pelo fim dos governos militares,
foram surgindo novos partidos. Com o DNA getulista, Brizola fundou o
Partido Democrático Trabalhista (PDT). Este ainda recebeu alguns
componentes dos grupos revolucionários, enquanto a maioria
acabou migrando para o recém fundado Partido dos Trabalhadores (PT),
encontrando-se com líderes de movimentos sindicais.
foram surgindo novos partidos. Com o DNA getulista, Brizola fundou o
Partido Democrático Trabalhista (PDT). Este ainda recebeu alguns
componentes dos grupos revolucionários, enquanto a maioria
acabou migrando para o recém fundado Partido dos Trabalhadores (PT),
encontrando-se com líderes de movimentos sindicais.
Com o desprestígio
da ARENA, surgiu o PDS (Partido Democrático Social), que passaria a
abrigar aqueles políticos que governaram sob o guarda-chuva militar,
como José Sarney. O MDB, por sua vez, foi quem surfou a onda da abertura
política, sendo a cara da recente democracia brasileira. Velhos
partidos, como PCdoB, PSB e PTB também foram reativados, mas já
desvirtuados das ideologias que os havia fundado.
da ARENA, surgiu o PDS (Partido Democrático Social), que passaria a
abrigar aqueles políticos que governaram sob o guarda-chuva militar,
como José Sarney. O MDB, por sua vez, foi quem surfou a onda da abertura
política, sendo a cara da recente democracia brasileira. Velhos
partidos, como PCdoB, PSB e PTB também foram reativados, mas já
desvirtuados das ideologias que os havia fundado.
– Coligações e fisiologismo
A partir da década de 90, os partidos foram se multiplicando. Da
direita, saíram do PDS o PFL (Partido da Frente Liberal, hoje DEM), PPB
(Partido Progressista Brasileiro, hoje apenas PP) e PRN (Partido da
Reconstrução Nacional, hoje PTC) – que elegeria Fernando Collor nas
primeiras eleições diretas. Do gigantesco PMDB, surgiria principalmente o
PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira).
direita, saíram do PDS o PFL (Partido da Frente Liberal, hoje DEM), PPB
(Partido Progressista Brasileiro, hoje apenas PP) e PRN (Partido da
Reconstrução Nacional, hoje PTC) – que elegeria Fernando Collor nas
primeiras eleições diretas. Do gigantesco PMDB, surgiria principalmente o
PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira).
Do PT, acabariam
migrando vertentes radicais de esquerda, como PSTU (Partido Socialista
dos Trabalhadores Unificado), PCO (Partido da Causa Operária) e mais
recentemente PSOL (Partido Socialismo e Liberdade). O impeachment de
Collor em 1992, no entanto, influenciaria ainda mais o fisiologismo na
vida democrática brasileira.
migrando vertentes radicais de esquerda, como PSTU (Partido Socialista
dos Trabalhadores Unificado), PCO (Partido da Causa Operária) e mais
recentemente PSOL (Partido Socialismo e Liberdade). O impeachment de
Collor em 1992, no entanto, influenciaria ainda mais o fisiologismo na
vida democrática brasileira.
A troca constante de partidos – como do
então vice-presidente Itamar Franco, que chegaria ao seu 5º partido ao
assumir a presidência (PTB, MDB, PL, PRN e PMDB) – denunciava a falta de
fidelidade a uma raiz ideológica. Além disso, o sistema
presidencialista de coalizão insuflou as coligações antes inimagináveis.
então vice-presidente Itamar Franco, que chegaria ao seu 5º partido ao
assumir a presidência (PTB, MDB, PL, PRN e PMDB) – denunciava a falta de
fidelidade a uma raiz ideológica. Além disso, o sistema
presidencialista de coalizão insuflou as coligações antes inimagináveis.
O ‘tucano’ Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, ex-MDB, coligou com o
PFL (dissidência do PDS e ARENA) para vencer as eleições de 1994 e
1998. Já o petista Lula uniu-se com o PL para fazer o mesmo em 2002 e
2006. Quando que os liberais do Brasil Império imaginariam que seus
herdeiros políticos um dia uniriam forças com trabalhadores de
movimentos sindicais?
PFL (dissidência do PDS e ARENA) para vencer as eleições de 1994 e
1998. Já o petista Lula uniu-se com o PL para fazer o mesmo em 2002 e
2006. Quando que os liberais do Brasil Império imaginariam que seus
herdeiros políticos um dia uniriam forças com trabalhadores de
movimentos sindicais?
Da fusão dessa coligação improvável, por exemplo,
saiu o atual SD (Solidariedade), que tem como presidente o deputado
Paulinho da Força Sindical – um ex-petista, que se tornou uma das
principais bases de apoio ao recente impeachment de Dilma Rousseff.
saiu o atual SD (Solidariedade), que tem como presidente o deputado
Paulinho da Força Sindical – um ex-petista, que se tornou uma das
principais bases de apoio ao recente impeachment de Dilma Rousseff.
Outra obra do fisiologismo é o recém criado Rede Sustentabilidade, capaz
de abrigar a fundadora Marina Silva, ex-PT e PV (Partido Verde);
Randolfe Rodrigues, ex-PSOL; Miro Teixeira, ex-PP, PDT e PROS (Partido
Republicano da Ordem Social); e João Derly, ex-PCdoB.
de abrigar a fundadora Marina Silva, ex-PT e PV (Partido Verde);
Randolfe Rodrigues, ex-PSOL; Miro Teixeira, ex-PP, PDT e PROS (Partido
Republicano da Ordem Social); e João Derly, ex-PCdoB.
Isso sem falar no
PSC (Partido Social Cristão), herdeiro do antigo PDC extinto pela
ditadura militar, mas que já lançou a pré-candidatura de Jair Bolsonaro,
um entusiasta do regime militar. Mas talvez o ‘filho mais bastardo’ da
política brasileira seja o PR (Partido da República), nascido da fusão
entre PL e PRONA (Partido da Reedificação da Ordem Nacional) – pensado e
criado pelo ultranacionalista Enéas Carneiro, primo distante do
integralista Plínio Salgado.
PSC (Partido Social Cristão), herdeiro do antigo PDC extinto pela
ditadura militar, mas que já lançou a pré-candidatura de Jair Bolsonaro,
um entusiasta do regime militar. Mas talvez o ‘filho mais bastardo’ da
política brasileira seja o PR (Partido da República), nascido da fusão
entre PL e PRONA (Partido da Reedificação da Ordem Nacional) – pensado e
criado pelo ultranacionalista Enéas Carneiro, primo distante do
integralista Plínio Salgado.
Mesmo assim, não hesitou em coligar com o PT
nas eleições de Dilma. Sendo assim, à esta altura, onde ninguém mais
sabe quem é o inimigo ou amigo na trincheira, urge uma reforma na
política brasileira.
nas eleições de Dilma. Sendo assim, à esta altura, onde ninguém mais
sabe quem é o inimigo ou amigo na trincheira, urge uma reforma na
política brasileira.
Ou sigam degustando essa sopa de letrinhas
promíscuas e indigestas.
promíscuas e indigestas.
Discussion about this post