Na data de ontem, 29 de abril, há exatos 46 anos, o atacante campeão mundial pelo Brasil no México, Dario, o famoso Rei Dadá, fez sua estreia pelo Paysandu na disputa do Clássico Re-Pa, e levou ao Mangueirão o público recorde da história do futebol paraense e do Norte do Brasil, em todos os tempos: 63.010 torcedores. Re-Pa de n° 499.
Dario foi contratado pelo Paysandu a peso de ouro e sua estreia foi muito badalada, por ele próprio e pelas emissoras de rádio, jornais, emissoras de TV, que exploraram bastante a fama do Camisa 9, que nove anos antes estivera no México, com a seleção brasileira, que se sagrou Campeã Mundial e ganhou em definitivo a Taça Jules Rimet.
Dario, que era um senhor marqueteiro, ficou martelando uma semana antes da partida que iria marcar o gol “sossego Leão”, em alusão ao time do Remo que vinha de um bicampeonato paraense e marchava para ser tricampeão (o que se confirmou depois).
E o público respondeu presente superlotando o Mangueirão, que na época só contava com o setor das gerais (30.000 torcedores) e uma parte de sua arquibancada e, por isso, era apelidado pela torcida de “Bandolão” (só tinha uma banda).
E Dario cumpriu a promessa, assinalando o gol que prometera, ao cabecear uma bola após cobrança de escanteio na meta do goleiro Iane. A torcida do Papão festejou entusiasticamente o feito do Rei Dadá, que após o gol correu para o centroavante do Remo, Bira (seu amigo) pulando nas suas costas.
Logo depois, Bira empatou para o Remo e também correu para abraçar o Rei Dadá.
As torcidas saíram felizes do campo e durante a semana, meses, anos depois tiveram como têm até hoje, quem compareceu ao Mangueirão, motivos para comentar o sensacional jogo.
Confira a ficha técnica do jogo
Data: 29.04.1979 – Paysandu 1 x Clube do Remo 1 / Competição: Campeonato Paraense de Futebol de 1979 – 2° Turno / Local: Estádio Estadual Alacid da Silva Nunes (Mangueirão) / Árbitro: José Roberto Wrigth (RJ). / Público: 59.613 (Pagantes), mais 3.397 (credenciados, não pagantes), totalizando 63.010 torcedores, recorde absoluto de público no Estado do Pará e Norte do País, em todos os tempos. Arrecadação: CR$ 1.048.085,00. / Paysandu: Reginaldo; Aldo, Lineu, Albano, Assis; Chico Alves, Bacuri, Carlinhos Maracanã; Miguelito, Dario, Lupercínio. Técnico: Paulo Emílio. / Clube do Remo: Iane; Mareco, Dutra, Marajó, Clóvis; Aderson, Mesquita, Luís Augusto; Paulinho, Bira, Bebeto. Técnico: Paulo Amaral. / Artilheiros: Bira, Dario.
Observação: Da cota do jogo, o Paysandu recebeu Cr$ 341.000,00 o equivalente à metade das “luvas” pagas ao Rei Dadá.
Folclórico:
Dario criou frases célebres no mundo do futebol: “Só três coisas param no ar: beija-flor, helicóptero e o Rei Dadá…”; “Não me venha com a problemática que eu tenho a solucionática”; “Só existem três poderes no universo: Deus no Céu, o Papa no Vaticano e Dadá na grande área.”
Mangueirão tinha só uma banda de arquibancada, por isso era chamado pela torcida de “Bandolão…”
Ferreira da Costa é jornalista e pesquisador do futebol paraense, escritor com 25 livros publicados, que resgatam a história do futebol paraense. Após a decisão do Campeonato Paraense de 2025, vai lançar “A História do Campeonato Paraense – 1908 – 2025”, com 532 páginas.
Ferreira da Costa é fundador e membro da Academia Brasileira de Letras de Futebol, ocupante da Cadeira de n° 9.
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