Nos últimos dias, depoimentos prestados na Vara Agrária de Marabá revelaram uma série de ataques violentos cometidos por uma organização criminosa armada na Fazenda Mutamba, que não tem qualquer vínculo com trabalhadores rurais sem terra. Os relatos indicam que o grupo tem promovido uma verdadeira onda de destruição e violência na propriedade rural, que inclui incêndios florestais, roubo de gado, destruição de infraestruturas e ameaças de morte aos funcionários e ao gerente da fazenda.
Antônio Mororó Junior, policial civil, registrou um Boletim de Ocorrência (BOP) com base na Lei 10.826/2003, conhecida como Estatuto do Desarmamento, especificamente no que tange ao porte ilegal de armas. O BOP foi registrado a pedido da autoridade policial responsável, considerando a gravidade dos crimes envolvidos.
De acordo com Mororó Junior, o relato foi inicialmente trazido ao seu conhecimento pelo Comandante do Batalhão Rural de Marabá através de uma mensagem de WhatsApp. O policial detalhou que, no último sábado, 24 de agosto, por volta das 11h20, um grupo composto por aproximadamente 40 indivíduos, dos quais 15 estavam armados com rifles, pistolas e revólveres, iniciou uma série de ataques coordenados na Fazenda Mutamba. O grupo incendiou uma ponte próxima à sede da fazenda, ameaçou destruir a estrutura principal e fez ameaças de morte a todos que se encontravam no local.
Esses eventos têm causado grande apreensão na região e evidenciam a gravidade da situação, com a ação criminosa sendo uma violação flagrante das leis de controle de armas e segurança. A resposta das autoridades está em andamento para lidar com a situação e garantir a segurança dos envolvidos e a integridade da propriedade.
Na última sexta-feira, depoimentos prestados na Delegacia Especializada de Conflitos Agrários de Marabá (DECA) revelaram detalhes perturbadores sobre a violência e destruição ocorridas na Fazenda Mutamba. O depoimento de um dos envolvidos, Miltemar Pereira Lopes, confirma que a organização criminosa armada é responsável pelo clima de terror na propriedade.
Relato de Miltemar Pereira Lopes
Miltemar Pereira Lopes, que se apresentou como membro de um grupo envolvido nos ataques, forneceu um relato detalhado dos eventos. Segundo o depoimento, no dia 24 de agosto de 2024, aproximadamente às 11h20, ele estava no acampamento da Associação Rural Terra Prometida, situado na área da Fazenda Mutamba. Quando veículos se aproximaram, ele inicialmente acreditou que fossem viaturas da DECA, mas logo percebeu que se tratavam de veículos de uma empresa de segurança privada contratada pela fazenda.
Lopes afirmou que cerca de 12 homens, incluindo um representante da empresa de segurança, chegaram ao local. O comandante da empresa informou que havia assinado um contrato de três meses com a Fazenda Mutamba e que a sua presença era uma resposta a um tiroteio recente, ocorrido na viatura da segurança. Lopes declarou que nada tinha a ver com os disparos e que o grupo não estava envolvido com a empresa de segurança.
No dia dos ataques, o grupo de Lopes, que somava cerca de 50 pessoas, tomou conhecimento de que uma mulher havia sido detida pela segurança da fazenda por estar portando uma espingarda. Em retaliação, eles decidiram se reunir para resgatar a mulher, resultando na queima da ponte da fazenda, um acesso crucial para a propriedade.
Lopes também comentou sobre a destruição de propriedades e os ataques realizados pelo grupo. Embora tenha mencionado a prática de crimes ambientais, como a extração ilegal de madeira, ele alegou que não estava diretamente envolvido com esses atos.
Este depoimento confirma que a Fazenda Mutamba tem enfrentado um clima de terror, com ações coordenadas de um grupo armado que visa intimidar e destruir. As autoridades continuam investigando os ataques e trabalhando para prender os responsáveis.




Há uma série de crimes cometidos pelos invasores, que roubam gado, queimam pontes e a floresta, extraem madeira, etc