Com o renascimento do interesse do público pelo Big Brother Brasil que está em sua vigésima edição, essa é a oportunidade perfeita para relembrar de três séries também ambientadas em reality shows. Terror, Drama e comédia, nada escapa, e curiosamente, duas estão ganhando remakes no Brasil.
Dead Set (2008) – Minissérie

Dead Set foi lançada dois anos antes do fenômeno The Walking Dead, o fato dela se passar no Big Brother inglês, é um atrativo por si só. A minissérie chega a usar algumas locações do reality show, assim como a sua apresentadora e alguns ex-participantes reais do programa. O ponto de partida é uma noite típica de paredão onde a tensão entre os participantes está à flor da pele. Enquanto isso, fora da casa, está acontecendo um apocalipse zumbi que rapidamente se alastra, deixando sitiados dentro da casa apenas os participantes e alguns membros da equipe.
Usar um reality show como palco central segue a tradição deixada pelo mestre George Romero, que usava seus zumbis para tecer comentários sobre questões sócio-políticas de seu tempo, algo que criador de Dead Set, o produtor e escritor Charlie Brooks, já demonstrava possuir esse olhar satírico com bastante destreza e que viria aprimorar em sua série de maior sucesso, o pesadelo tecnológico chamado Black Mirror.

Brooks lança criticas (algumas com bastante humor) para todos o lados, seja ao voyerismo do público que acompanha o programa, dando especial atenção a falta de escrúpulos do produtor de tv que está entre os sobreviventes, mostrando ele como uma figura capaz de tudo, quase sempre representando a natureza exploratória da tv sobre a vida. Um dos pontos altos é ver que mesmo em um grupo limitado de sobreviventes, algumas regras do BB se manifestam de forma radical e a noção de “eliminação” se torna um caso de vida ou morte.
Apesar do seu baixo orçamento, que levou a convocação de pessoas pelo Facebook para participarem como zumbis, a série entrega uma boa dose de violência gráfica, como é de se esperar do gênero, chegando a ser nomeada ao prêmio de Melhor Série Dramática de 2009 pelo BAFTA.
Nos próximos meses a Netflix deve estrear um remake nacional chamado Reality Z.
UnREAL (2015 – 2018) 4 Temporadas

Quem possui curiosidade sobre os bastidores de reality show vai ficar imediatamente obcecado por UnReal. A co-criadora, Sarah Gertrude Shapiro, se baseou em sua experiência como produtora no reality show The Bachelor para escrever a série, que acompanha a produtora Rachel Goldberg (Shiri Appleby) e o seu talento nato para manipular os participantes do programa Everlasting, um reality show de namoro, despertando o pior em cada um. O resultado é um retrato mais estereotipados deles, trazendo assim mais dramaticidade para a interação entre os competidores, e claro, mais audiência.
A tensão e as intrigas constantes pela frente e por trás das câmeras criam uma infinita cadeia de dramas entre os personagens e os mantem constantemente sendo levados ao limite. Quem chefia essa manipulação da “realidade” vista no programa é a produtora executiva Quinn King (Constance Zimmer), que recorre a uma variedade de ferramentas como perfis psicológicos dos participantes, adulteração de acontecimentos na edição, uma manipulação que começa nos concorrentes e termina no público.
A serie foi baseada no curta Sequin Raze que Sarah Gertrude Shapiro escreveu e dirigiu em 2013.
Burning Love (2013 – 2014) 3 Temporadas

A série é uma parodia de reality shows de namoro. Suas três temporadas contam com a participação especial de varios comediantes famosos como Paul Rudd, Jennifer Aniston, Ben Stiller e Michael Cera.
Na primeira temporada, o bombeiro Mark Orlando (Ken Marino) está em busca de um amor. O personagem é o arquétipo do solteirão, não perde a oportunidade de ficar sem camisa e quando abre a boca é para dizer algo estupido.

As 14 pretendentes de Orlando são tão variadas, a ponto de ir de uma idosa de 86 anos até a dançarina e pedicura transgênero chamada Ballerina (que é interpretada por Ken Leong).
A segunda temporada tem como protagonista uma dessas pretendentes, Julie Gristlewhite (June Diane Raphael) que também possui uma galeria de pretendentes dos mais estereotipados, indo do pai extremamente amoroso até o homem metido a “gostosão” que não tem compromisso com nada.

A série recria em detalhes muitas das atividades que esse tipo de programa promove entre os participantes e tira dessas situações muito de seu humor, que trabalha na linha tênue entre o real e o total absurdo, algo que fãs de The Office conhecem muito bem. A galeria de comediantes que passa pela série no decorrer de suas três temporadas é exemplar e por si só já torna o programa obrigatório, além de protagonista Ken Marino em parceria com sua esposa, Erica Oyama, cuidaram do roteiro, direção e produção da série. A segunda e terceira temporada estão disponíveis no Amazon Prime, e é possível assisti-las sem prejudicar o entendimento. Já a primeira temporada está disponível pelo Google play .