Senador Zequinha Marinho: anfitrião do regabofe pra lá de quente |
Falar mal do governo – de qualquer governo, aliás – sempre foi a melhor entrada e sobremesa de qualquer almoço ou jantar entre políticos. Nos últimos meses, em Brasília, senadores não alinhados com o governo de Jair Bolsonaro têm frequentemente se reunido em pantagruélicos repastos para avaliar como andam as relações entre legislativo e executivo.
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Desta vez, neste final de semana, o jantar, na base de pirarucu ao molho de camarão, pato no tucupi – iguarias bem paraenses – e carneiro assado, ocorreu na residência em Brasília do senador paraense Zequinha Marinho PSC). Segundo informa Caio Junqueira, da revista digital Crusoé, o cozinheiro foi Lucas Barreto, do PSD do Amapá. Papo vai, papo vem, o nome mais falado, entre uma garfada e outra, foi o de Bolsonaro, como não poderia deixar de ser.
Lógico que as orelhas do presidente da República arderam. Um terço do Senado compareceu, entre líderes, vice-líderes do governo no Congresso, além do presidente, Davi Alcolumbre. Na avaliação da maioria, ou Bolsonaro dá um rumo ao governo dele ou será deixado de lado.
Nesse caso, o Congresso tocaria uma agenda própria e autônoma, como ocorrido nos últimos dias, durante a aprovação da emenda constitucional que obriga o governo a pagar emendas de bancada na Câmara dos Deputados.
Ministros de Bolsonaro interessados em levar adiante sua agenda legislativa, como o da Economia, Paulo Guedes, e o da Justiça, Sérgio Moro, serão considerados os interlocutores do governo. Um senador chegou a dizer que o governo não é só o presidente da República.
No meio da comilança, houve quem falasse até em ressuscitar uma proposta de semi-presidencialismo, aventada durante o governo do enrolado Michel Temer. Na prática, esse tal semi-presidencialismo, ou seja lá o que isso for, retiraria os poderes do presidente da República e fortaleceria o Congresso Nacional.
Lá pelas tantas, um fogoso senador lembrou que o impeachment de Dilma Rousseff começou com almoços e jantares promovidos pelo então senador Heráclito Fortes. Claro que ninguém defende abertamente uma ruptura ou tentativa de isolar Bolsonaro. “O Brasil aguenta um impeachment a cada 30 anos, não um a cada 3 anos”, ponderou um dos convivas.
Resumo da ópera: corre em Brasília, feito rastilho de pólvora, que a conspiração para esvaziar o governo de Jair Bolsonaro começaria pelo Senado. E olha que o “mordido” senador Renan Calheiros, que está na moita, se fingindo de morto, até agora não deu um pio. Sequer é convidado para lanche em trailler de esquina, em Brasília.
A velha política não dorme de touca.
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