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Enquanto a Vale bate
recordes de produção, graças à exploração da riqueza mineral de
Carajás, o Pará não consegue superar o atraso social de seu povo.
A Vale alega que nada tem a ver com nossos índices africanos de
miséria e pobreza e que não é ela quem governa o Estado. Portanto,
o Estado que se vire para prover as necessidades de seus cidadãos.
recordes de produção, graças à exploração da riqueza mineral de
Carajás, o Pará não consegue superar o atraso social de seu povo.
A Vale alega que nada tem a ver com nossos índices africanos de
miséria e pobreza e que não é ela quem governa o Estado. Portanto,
o Estado que se vire para prover as necessidades de seus cidadãos.
Não deixa a Vale de,
em parte, ter razão. Mas, convenhamos, esses argumentos para
eximir-se de qualquer responsabilidade por nossas mazelas soam como
sofismas que beiram o cinismo. Não fosse pelas isenções
tributárias de que goza, desde que aqui pôs seus pés e garras –
e aí entram em cena governantes pusilânimes e atores políticos
canastrões, que sempre se esconderam atrás do discurso da geração
de empregos e aumento das exportações para camuflar vantagens
obtidas por debaixo dos panos junto à empresa, como o financiamento
de campanhas eleitorais -, a Vale teria muito mais a contribuir para
melhorar os índices regionais de desenvolvimento humano se pagasse o
que deveria pagar, porque é devedora.
em parte, ter razão. Mas, convenhamos, esses argumentos para
eximir-se de qualquer responsabilidade por nossas mazelas soam como
sofismas que beiram o cinismo. Não fosse pelas isenções
tributárias de que goza, desde que aqui pôs seus pés e garras –
e aí entram em cena governantes pusilânimes e atores políticos
canastrões, que sempre se esconderam atrás do discurso da geração
de empregos e aumento das exportações para camuflar vantagens
obtidas por debaixo dos panos junto à empresa, como o financiamento
de campanhas eleitorais -, a Vale teria muito mais a contribuir para
melhorar os índices regionais de desenvolvimento humano se pagasse o
que deveria pagar, porque é devedora.
Ela não paga e não
quer pagar. E o Estado nada cobra porque nunca teve altivez para
cobrar. Quedou-se ao poderio econômico da multinacional,
apequenando-se diante dela. Hoje, depois de perder boa parte de suas
riquezas para a Vale, o Pará corre o risco de perder sua alma. Na
mesa de negociações com o governo do PSDB, a Vale tufa o peito e
mostra o tamanho de sua arrogância, maior que a floresta amazônica.
quer pagar. E o Estado nada cobra porque nunca teve altivez para
cobrar. Quedou-se ao poderio econômico da multinacional,
apequenando-se diante dela. Hoje, depois de perder boa parte de suas
riquezas para a Vale, o Pará corre o risco de perder sua alma. Na
mesa de negociações com o governo do PSDB, a Vale tufa o peito e
mostra o tamanho de sua arrogância, maior que a floresta amazônica.
O governador Simão
Jatene, já no terceiro mandato, acordou tarde para as isenções à
Vale, mas felizmente acordou, embora ainda meio sonolento. Nos quase
20 anos de governos tucanos, a gigante dos minérios teve vida mansa
e se lixou para os problemas regionais. Ampliou seus negócios graças
à exploração do ferro, cobre e níquel, ao mesmo tempo em que
atraiu para o entorno de seus projetos multidões de desesperados
atrás de uma oportunidade na vida.
Jatene, já no terceiro mandato, acordou tarde para as isenções à
Vale, mas felizmente acordou, embora ainda meio sonolento. Nos quase
20 anos de governos tucanos, a gigante dos minérios teve vida mansa
e se lixou para os problemas regionais. Ampliou seus negócios graças
à exploração do ferro, cobre e níquel, ao mesmo tempo em que
atraiu para o entorno de seus projetos multidões de desesperados
atrás de uma oportunidade na vida.
Mão de obra barata
para erguer prédios e logo dispensada ao final dos trabalhos por
falta de qualificação profissional para habilitar-se aos melhores
empregos oferecidos pela empresa. Além disso, a concentração de
problemas como homicídios, assaltos, tráfico de drogas,
prostituição, inclusive infantil, falta de escolas, postos de
saúde, água tratada e moradia fizeram explodir a violência nas
vizinhanças das jazidas da Vale.
para erguer prédios e logo dispensada ao final dos trabalhos por
falta de qualificação profissional para habilitar-se aos melhores
empregos oferecidos pela empresa. Além disso, a concentração de
problemas como homicídios, assaltos, tráfico de drogas,
prostituição, inclusive infantil, falta de escolas, postos de
saúde, água tratada e moradia fizeram explodir a violência nas
vizinhanças das jazidas da Vale.
Para a Vale, quem deve
resolver isso é o Estado. Segurança pública, educação, saúde,
saneamento e habitação são problemas da competência do governo.
Simples, não é mesmo? A Vale tem seus acionistas para cuidar e com
eles dividir os lucros cada vez maiores.
resolver isso é o Estado. Segurança pública, educação, saúde,
saneamento e habitação são problemas da competência do governo.
Simples, não é mesmo? A Vale tem seus acionistas para cuidar e com
eles dividir os lucros cada vez maiores.
No último dia 17,
acabou o prazo, até agora sem prorrogação, para a continuidade dos
incentivos fiscais – que tem como carro chefe o diferimento do
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) -, dos
quais a empresa usufruiu nos últimos 30 anos, embora com uma dívida
pendente. Jatene se diz disposto a rever esses incentivos, mas impõe
uma condição: a Vale teria que pagar R$ 1,8 bilhão.
acabou o prazo, até agora sem prorrogação, para a continuidade dos
incentivos fiscais – que tem como carro chefe o diferimento do
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) -, dos
quais a empresa usufruiu nos últimos 30 anos, embora com uma dívida
pendente. Jatene se diz disposto a rever esses incentivos, mas impõe
uma condição: a Vale teria que pagar R$ 1,8 bilhão.
Paga e teria, ainda,
que tirar do papel a siderúrgica Alpa, cujo terreno baldio foi
inaugurado em 2010 pelo então presidente Lula, que no palanque
eleitoral estava em companhia de sua candidata do peito, Dilma
Rousseff. Seria, na prática, a verticalização da produção
mineral, em Marabá, um sonho hoje tido como pesadelo.
que tirar do papel a siderúrgica Alpa, cujo terreno baldio foi
inaugurado em 2010 pelo então presidente Lula, que no palanque
eleitoral estava em companhia de sua candidata do peito, Dilma
Rousseff. Seria, na prática, a verticalização da produção
mineral, em Marabá, um sonho hoje tido como pesadelo.
A Vale reluta em pagar
a dívida, mas admite fazê-lo. Até ressuscitar a Alpa, desde que
Jatene não amarre um prazo. Ou seja, a empresa decidiria como e
quando construiria a Alpa. Trata-se de uma chantagem, apimentada pela
ameaça de fechar seus projetos no Estado e ir embora do Pará.
Ameaça no mínimo risível. Seria o mesmo que a Vale matasse, de
morte morrida, sua galinha dos ovos de ouro: os minérios que hoje
explora com inegável competência do subsolo paraense. Duvido que o
faça.
a dívida, mas admite fazê-lo. Até ressuscitar a Alpa, desde que
Jatene não amarre um prazo. Ou seja, a empresa decidiria como e
quando construiria a Alpa. Trata-se de uma chantagem, apimentada pela
ameaça de fechar seus projetos no Estado e ir embora do Pará.
Ameaça no mínimo risível. Seria o mesmo que a Vale matasse, de
morte morrida, sua galinha dos ovos de ouro: os minérios que hoje
explora com inegável competência do subsolo paraense. Duvido que o
faça.
Os executivos da
empresa mandaram um recado, via secretário de governo, Adnan
Demachki, para Jatene: topam fazer o acordo desde que o governo
federal faça o derrocamento do Pedral do Lourenço, uma obra de
Santa Engrácia que se arrasta nos escaninhos políticos e
burocráticos de Brasília há mais de cinco anos e que permitiria a
navegabilidade, pela hidrovia Tocantins-Araguaia até o porto de
Vila do Conde, de seus minérios, além de outras commodities,
como a soja.
empresa mandaram um recado, via secretário de governo, Adnan
Demachki, para Jatene: topam fazer o acordo desde que o governo
federal faça o derrocamento do Pedral do Lourenço, uma obra de
Santa Engrácia que se arrasta nos escaninhos políticos e
burocráticos de Brasília há mais de cinco anos e que permitiria a
navegabilidade, pela hidrovia Tocantins-Araguaia até o porto de
Vila do Conde, de seus minérios, além de outras commodities,
como a soja.
Do alto de suas
tamancas, a multinacional grita alto na mesa de negociações, até
faz ameaça de demitir trabalhadores e outras formas de chantagem de
quem se acostumou a receber benesses estatais sem oferecer
contrapartidas que sejam interessantes para o Estado. Ela age como um
Estado dentro do Estado. O Estado Corporativo contra o Estado
Federativo.
tamancas, a multinacional grita alto na mesa de negociações, até
faz ameaça de demitir trabalhadores e outras formas de chantagem de
quem se acostumou a receber benesses estatais sem oferecer
contrapartidas que sejam interessantes para o Estado. Ela age como um
Estado dentro do Estado. O Estado Corporativo contra o Estado
Federativo.
É uma guerra cujo
vencedor deveria ser o povo do Pará. Infelizmente, o povo
sequer sabe que guerra é essa travada nos bastidores do poder nestes
dias finais de julho. Será o último saber. Como tem sido há
décadas. E nem será convidado para o banquete do acordo a ser
celebrado.
vencedor deveria ser o povo do Pará. Infelizmente, o povo
sequer sabe que guerra é essa travada nos bastidores do poder nestes
dias finais de julho. Será o último saber. Como tem sido há
décadas. E nem será convidado para o banquete do acordo a ser
celebrado.
A ele, restarão as
migalhas.
migalhas.
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