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Jovens caçam Pokemons na Estação das Docas. Foto de José Carlos Lima |
Com a chegada do game Pokémon Go na última semana, pessoas em todo o País não tiraram mais os olhos do celular em busca dos “monstrinhos” do jogo da desenvolvedora norte-americana Niantic. Numa sobreposição de figuras virtuais com imagens reais captadas pela câmera – a chamada realidade aumentada –, o game mostra os pokémons em parques, ruas e nas casas. A tecnologia, entretanto, vai muito além da caça aos pokémons e já é utilizada em escolas, lojas, shoppings e indústrias para facilitar estudos, compras e, até mesmo, inspeções petroquímicas.
A realidade aumentada, que impulsionou a “febre” do jogo Pokémon Go, tem um único objetivo: permitir projeções de conteúdo virtual no mundo real. Aplicativos permitem que, ao olhar para a tela de um smartphone, tablet ou óculos especiais, as pessoas vejam criações virtuais que interagem com o ambiente ao redor, o que garante uma experiência que mescla ficção e realidade.
Uma instituição de ensino que enxergou há anos os benefícios da realidade aumentada é o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). As escolas da rede passaram a adotar, em 2010, livros com recursos possibilitados pela tecnologia. O aluno aponta a câmera do celular para o livro didático e vê na tela as figuras impressas projetadas em três dimensões. A aplicação de realidade aumentada usada pela instituição passou por evoluções nos últimos anos: hoje, os alunos conseguem movimentar projeções de peças, por exemplo, em 360 graus com alguns toques na tela do aparelho.
“Muitas vezes, só com as imagens do livro didático, você não consegue saber com clareza para que serve aquele equipamento”, explica o gerente executivo de educação profissional e tecnológica do Senai, Felipe Melo. “Se o aluno olha a imagem antes, com a ajuda da realidade aumentada, ele entende como as coisas funcionam na prática.”
Por enquanto, a tecnologia está presente nos livros de alunos de quatro cursos em todo o País. Até o final desse ano, mais de dez cursos serão atendidos.
Apesar dos ganhos que a realidade aumentada oferece, ainda há poucas experiências no País. “As aplicações ainda são muito limitadas, muito focadas em públicos específicos”, afirma o professor de comunicação digital da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Eduardo Pellanda. “Faltam mais aplicativos e dispositivos acessíveis.”
Inspeção. A realidade aumentada não beneficia apenas estudos e instituições de ensino. Fábricas também já começam a enxergar na tecnologia uma possibilidade de ganhar tempo e economizar dinheiro.
A General Electric (GE), por exemplo, já está testando o recurso como uma forma de facilitar inspeções em plantas industriais no Brasil. Há poucos meses, a empresa fez seu primeiro teste em uma plataforma de petróleo. Os engenheiros responsáveis, em vez de ler manuais e guias para a inspeção, simplesmente passaram a apontar a câmera de um tablet para os equipamentos, como se estivessem filmando-os.
“O engenheiro consegue ver na tela se é preciso apertar uma válvula, trocar alguma peça daquela máquina”, conta o líder da área de software do centro de pesquisas global da GE no Brasil, Marcelo Blois. “Com a realidade aumentada, o engenheiro ganha um assistente virtual que o auxilia em tempo real. O ganho que isso traz é extraordinário.”
Além das facilidades para o funcionário que faz a inspeção, a empresa também identificou que o uso do aplicativo reduziu a inspeção completa, que em geral dura 24 horas, em pelo menos seis horas. “Parece pouco, mas é muito considerando-se que o aluguel das ferramentas para inspeção podem custar R$ 1,2 milhão em aluguel por dia”, explica Blois.
Desafios. Segundo especialistas, porém, as experiências em realidade aumentada ainda estão em estágio inicial porque dependem que os fabricantes desenvolvam uma nova geração de dispositivos – que vão de sensores até óculos especiais para esse tipo de aplicação. Eles poderão garantir uma experiência mais avançada do que as atuais. Mas isso leva tempo – e custa muito dinheiro.
Um exemplo são os óculos HoloLens, desenvolvidos pela Microsoft. Equipados com três tipos de processadores, câmeras e sensores variados, eles custam US$ 3 mil – e só estão disponíveis para desenvolvedores. O preço extremamente alto é um dos fatores que contribuiu para que o Google Glass, primeiro experimento do gigante das buscas com a tecnologia, fracassasse em janeiro de 2015, depois de criar imensas expectativas.
Apesar disso, a tecnologia é vista com otimismo. “A realidade aumentada é uma forma de comunicação muito poderosa para não passar a se popularizar rapidamente”, diz Pellanda. Fonte: “O Estado de São Paulo”
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