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Quarenta anos após a instituição da lei do Divórcio no
Brasil, um a cada três casamentos termina em separação no País. É o que
mostram os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). Um balanço feito com dados do instituto entre 1984 e 2016 aponta
ainda que o número de dissoluções disparou com o passar dos anos. Em
1984, elas representavam cerca de 10% do universo de casamentos, com
93,3 mil divórcios.
Brasil, um a cada três casamentos termina em separação no País. É o que
mostram os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). Um balanço feito com dados do instituto entre 1984 e 2016 aponta
ainda que o número de dissoluções disparou com o passar dos anos. Em
1984, elas representavam cerca de 10% do universo de casamentos, com
93,3 mil divórcios.
Essa correlação saltou para 31,4% em 2016 – com 1,1
milhão de matrimônios e 344 mil separações. Apesar de a Lei do Divórcio vigorar desde 1977, os dados sobre o
tema só começaram a ser incluídos nas estatísticas anuais de Registro
Civil na década seguinte. Até aquele ano, o desquite era o dispositivo
legal, mas não possibilitava uma nova união formal.
milhão de matrimônios e 344 mil separações. Apesar de a Lei do Divórcio vigorar desde 1977, os dados sobre o
tema só começaram a ser incluídos nas estatísticas anuais de Registro
Civil na década seguinte. Até aquele ano, o desquite era o dispositivo
legal, mas não possibilitava uma nova união formal.
O levantamento
aponta mais de 7 milhões de dissoluções registradas no País entre 1984 e
2016, ou 580 divórcios por dia, ante 29 milhões de matrimônios.
aponta mais de 7 milhões de dissoluções registradas no País entre 1984 e
2016, ou 580 divórcios por dia, ante 29 milhões de matrimônios.
No período, os
casamentos subiram 17%. Já os divórcios aumentaram 269%. Na prática, o
Brasil passou a contar com três gerações de casais legalmente separados.
É o caso da família Dias Batista, de Sorocaba, que coleciona três
divórcios concluídos e outro em andamento – e ainda assim permanece
unida.
casamentos subiram 17%. Já os divórcios aumentaram 269%. Na prática, o
Brasil passou a contar com três gerações de casais legalmente separados.
É o caso da família Dias Batista, de Sorocaba, que coleciona três
divórcios concluídos e outro em andamento – e ainda assim permanece
unida.
O
patriarca da família, Wilson Dias Batista, de 85 anos, se divorciou
duas vezes. A primeira foi em 1978. Já seu filho, o advogado Cláudio
Dias Batista, de 51 anos, se divorciou da ex-mulher Cleonice Lagemann, a
Cleo, de 47, em 2014. E um filho deles também está em processo de
divórcio.
patriarca da família, Wilson Dias Batista, de 85 anos, se divorciou
duas vezes. A primeira foi em 1978. Já seu filho, o advogado Cláudio
Dias Batista, de 51 anos, se divorciou da ex-mulher Cleonice Lagemann, a
Cleo, de 47, em 2014. E um filho deles também está em processo de
divórcio.
No primeiro divórcio do pai, Cláudio era um menino de 12 anos.
Wilson conta que, na época, a separação era difícil. “Precisava que um
cônjuge alegasse alguma coisa contra o outro”, lembra. Também tinha de
realizar a separação judicial e, só após o prazo, convertê-la em
divórcio.
Wilson conta que, na época, a separação era difícil. “Precisava que um
cônjuge alegasse alguma coisa contra o outro”, lembra. Também tinha de
realizar a separação judicial e, só após o prazo, convertê-la em
divórcio.
“Era tanta dificuldade que as pessoas pensavam muito antes de
iniciar um processo”, afirma Cláudio, que hoje atua na área do Direito
da Família. A exigência do período de carência só caiu em 2010. No
segundo divórcio do pai, neste ano, nem foi preciso levar o caso ao
juiz.
iniciar um processo”, afirma Cláudio, que hoje atua na área do Direito
da Família. A exigência do período de carência só caiu em 2010. No
segundo divórcio do pai, neste ano, nem foi preciso levar o caso ao
juiz.
Apesar do próprio histórico de separações, Wilson lamenta o
divórcio do filho. “Gosto muito dela, me deu sete netos”, diz. O mais
velho tem 25 anos. A mais nova, 11. Cláudio e Cleo se conheceram em São
Roque, no interior. Ele, locutor de rádio, foi apresentar um evento no
qual ela era modelo. “Foi paixão imediata”, conta o advogado. Hoje, o
casal compartilha a guarda de três filhas menores.
divórcio do filho. “Gosto muito dela, me deu sete netos”, diz. O mais
velho tem 25 anos. A mais nova, 11. Cláudio e Cleo se conheceram em São
Roque, no interior. Ele, locutor de rádio, foi apresentar um evento no
qual ela era modelo. “Foi paixão imediata”, conta o advogado. Hoje, o
casal compartilha a guarda de três filhas menores.
Neste Natal,
Cláudio viajou com os filhos para o Guarujá, enquanto Cleo ficou em
Sorocaba, cuidando do ex-sogro e da tia do ex-marido, Martinha Batista,
de 99 anos. “Não faço por obrigação, mas por amor. Continuam sendo minha
família”, diz Cleo. Cláudio tem uma namorada que já foi apresentada à família. Cleo
também está em um novo relacionamento, que mantém sob discrição. Mas
isso não a impede de cuidar da tia do ex.
Cláudio viajou com os filhos para o Guarujá, enquanto Cleo ficou em
Sorocaba, cuidando do ex-sogro e da tia do ex-marido, Martinha Batista,
de 99 anos. “Não faço por obrigação, mas por amor. Continuam sendo minha
família”, diz Cleo. Cláudio tem uma namorada que já foi apresentada à família. Cleo
também está em um novo relacionamento, que mantém sob discrição. Mas
isso não a impede de cuidar da tia do ex.
“Ela é a filha que não tive. Não tinha nenhuma obrigação de
cuidar de mim, mas me trouxe para morar com ela”, diz dona Martinha,
prestes a completar 100 anos. Lúcida, ela se aposentou como
meteorologista e nunca quis se casar. “Fui ao cardiologista e ele disse
que meu coração aguenta mais uns 20 anos. Isso porque eu nunca tive
marido.”
cuidar de mim, mas me trouxe para morar com ela”, diz dona Martinha,
prestes a completar 100 anos. Lúcida, ela se aposentou como
meteorologista e nunca quis se casar. “Fui ao cardiologista e ele disse
que meu coração aguenta mais uns 20 anos. Isso porque eu nunca tive
marido.”
Um dos filhos do ex-casal está em processo de divórcio, após três
meses de união. O período curto não surpreende Claudio. “Na sociedade
contemporânea, os relacionamentos começam e se desfazem com muita
rapidez, mas nem sempre a legislação acompanha”, afirma. “A guarda
compartilhada, por exemplo, é um grande avanço, mas pressupõe que o
casal tenha um relacionamento bom.”
meses de união. O período curto não surpreende Claudio. “Na sociedade
contemporânea, os relacionamentos começam e se desfazem com muita
rapidez, mas nem sempre a legislação acompanha”, afirma. “A guarda
compartilhada, por exemplo, é um grande avanço, mas pressupõe que o
casal tenha um relacionamento bom.”
Divorciada há quase dois anos, a bancária Mariana Pereira, de 42,
compartilha com o ex-marido a guarda de um gato, o Eddie, que sempre
trataram como filho. “Foi um acordo bem natural para nós dois”, conta. O
acordo, segundo afirma, fez da separação menos dolorosa. “O Eddie é
parte da nossa família e a solução para que nenhum de nós ficasse sem
vê-lo fez bem para nós dois.”
compartilha com o ex-marido a guarda de um gato, o Eddie, que sempre
trataram como filho. “Foi um acordo bem natural para nós dois”, conta. O
acordo, segundo afirma, fez da separação menos dolorosa. “O Eddie é
parte da nossa família e a solução para que nenhum de nós ficasse sem
vê-lo fez bem para nós dois.”
Fortalecimento.
Para especialistas em Direito da Família, uma das razões do “boom” de
divórcios é o recuo do preconceito. “As pessoas desquitadas,
especialmente as mulheres, eram extremamente estigmatizadas”, diz Luiz
Kignel, sócio da PLKC Advogados. “Houve uma mudança cultural em que se
compreendeu que o divórcio não é um mal. Os casais que se separam não
optaram pela solidão, mas pela felicidade.”
Para especialistas em Direito da Família, uma das razões do “boom” de
divórcios é o recuo do preconceito. “As pessoas desquitadas,
especialmente as mulheres, eram extremamente estigmatizadas”, diz Luiz
Kignel, sócio da PLKC Advogados. “Houve uma mudança cultural em que se
compreendeu que o divórcio não é um mal. Os casais que se separam não
optaram pela solidão, mas pela felicidade.”
O avanço da legislação – que permitiu divórcio em cartório e
retirou o prazo de separação – é outro motivo para a alta, segundo
defende Mário Luiz Delgado, diretor do Instituto dos Advogados de São
Paulo (Iasp). “Isso não significa o enfraquecimento do casamento como
instituição, mas sim o fortalecimento”, diz. “Com esse cenário, nenhum
casamento vai continuar por conveniência, medo ou dificuldade de ser
dissolvido.”Fonte: O Estado de São Paulo.
retirou o prazo de separação – é outro motivo para a alta, segundo
defende Mário Luiz Delgado, diretor do Instituto dos Advogados de São
Paulo (Iasp). “Isso não significa o enfraquecimento do casamento como
instituição, mas sim o fortalecimento”, diz. “Com esse cenário, nenhum
casamento vai continuar por conveniência, medo ou dificuldade de ser
dissolvido.”Fonte: O Estado de São Paulo.
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