A população de Barcarena vem sendo vítima de um verdadeiro “genocídio”, com vários casos de câncer, devido à poluição ambiental impetrada pelas indústrias que se instalaram no polo minero-metalúrgico instalado naquele município do nordeste paraense, a partir dos anos 80.
Na tribuna da Câmara Federal, nesta terça-feira, 27, o deputado Edmilson Rodrigues (PSOL) disse que a “CPI é urgente e necessária para investigar o recente vazamento de rejeitos tóxicos da Hydro Alunorte e também de outras fontes de poluição”. Ele defendeu a punição das empresas que burlam as leis ambientais.
“A saúde daquele povo já está comprometida de forma irreversível. Não podemos deixar de tratar os doentes e impedir que continue esse verdadeiro genocídio contra o povo de Barcarena”, defendeu.
Edmilson é autor e coordenador da Comissão Externa de deputados federais que reuniu com os titulares do Ministério do Meio Ambiente e Ibama e foi a Barcarena visitar a sede da Hydro Alunorte e ouvir cerca de 1 mil pessoas das comunidades afetadas.
“O genocídio que vem ocorrendo desde a década de 80, vitima comunidades tradicionais do município de Barcarena, incluindo cinco comunidades remanescentes de quilombos. O projeto Transcarajás estabeleceu uma estratégia de acumulação capitalista que incluiu Barcarena como pólo minero-metalúrgico. Lá se produz cabos, lingotes de alumínio e alumina”, assinalou o parlamentar psolista.
E continuou: “o beneficiamento da bauxita para produzir a alumina é extremamente contaminante e poluente. O Instituto Evandro Chagas e a UFPA, através da professora Simone Pereira do Departamento de Química, tem há muito tempo alertado para os altos índices de contaminação por mercúrio alumínio e chumbo. O chumbo é um mineral com alto poder destruição humana, que provoca doenças degenerativas como o câncer. Os índices cancerígenos em Barcarena é assustador”.
Segundo ele, foram emocionantes as informações vindas das pessoas que sofrem as consequências dessa crise social e ambiental provocada pelas empresas com a conivência e autorização do Estado. A liderança Socorro, que é quilombola, disse: ‘Deputados, não pode continuar assim porque o meu pai morreu de câncer, o meu marido está com câncer, eu estou com câncer de estômago e quem vai pagar por isso?’ Mas não é só ela e a sua família, mas toda uma comunidade vítima de um verdadeiro genocídio.”
Edmilson alertou que o governador Simão Jatene só decidiu “endurecer” e ameaçar a Hydro de punição após os laudos do IEC e da UFPA comprovarem o vazamento de rejeitos. O rejeito avermelhou os rios e que está matando os animais, os peixes e os seres humanos que ali habitam (…) Mas foi o próprio governo, dirigido pelo tucano Simão Jatene, que licenciou de forma criminosa, concedendo ‘licença para teste’, o que não há na legislação, um teste que dura anos.
“Só quer lucro”
Disse ainda que a Hydro é uma empresa tão poderosa “só quer saber do lucro sem nenhum compromisso com as condições e a qualidade de vida da natureza e das pessoas que ali habitam”. E lembrou os recentes episódios de poluição em Barcarena causados também pela Bunge Alimentos e Imerys Rio Capim Caulim.
Após a visita da comissão de deputados, na quinta-feira, 22, o ministro de Meio Ambiente Sarney Filho anunciou, na última segunda-feira, 26, que o Ibama faça uma vistoria e elabore um laudo minucioso sobre a situação ocorrida com a Hydro Alunorte em Barcarena, já que, na semana anterior, o instituto emitiu parecer negando o vazamento na empresa.
“O ministro aponta a necessidade de punir com o embargo da produção de alumina e multas rigorosas porque o interesse da vida das populações está acima do interesse do lucro”, concluiu Edmilson.
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