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O nordeste paraense e suas atrações. Fotos da agência Pará Notícias |
O blog não costuma publicar release, seja oficial ou oficioso – a não ser quando se trata de informação de revelante interesse público. O que você lerá abaixo, porém, nem se pode definir como release, embora produzido pela assessoria do governo do Estado, mas reportagem, no bom estilo jornalístico, cheia de informações interessantes e depoimentos de pessoas do povo sobre a beleza dos lugares onde vivem.
É tempo de férias e o texto de Lázaro Magalhães traz detalhes sobre as atrações de alguns municípios da região nordeste paraense. É claro que o Pará é imenso, um país dentro de outro país, e faltou divulgar as belezas das regiões sul, sudeste, oeste e do Marajó. Creio que outros textos virão sobre essas regiões.
Cerca de 30% dos leitores do Ver-o-Fato são de outros estados, principalmente do centro-sul do país e manifestam interesse em visitar o Pará nessas férias. Então, aí está uma bela reportagem-roteiro.
O texto é longo, mas vale a pena ler. Ei-lo:
“O que você acha de pegar uma boa estrada
nessas férias e, de quebra, conhecer recantos onde é possível mergulhar
em calmas águas de belos igarapés, rios e praias? E, além disso, poder
trilhar e testemunhar paisagens que ainda guardam relíquias e
patrimônios históricos e culturais, que nos ajudam a entender e
vislumbar fatos decisivos da história do Pará? Pois é exatamente isso
que oferece a Rota Turística Histórica Belém-Bragança, um roteiro
especial pelas estradas do Estado que é um verdadeiro museu a céu
aberto, com inúmeras atrações para quem quer descobrir novas paisagens
do Pará.
nessas férias e, de quebra, conhecer recantos onde é possível mergulhar
em calmas águas de belos igarapés, rios e praias? E, além disso, poder
trilhar e testemunhar paisagens que ainda guardam relíquias e
patrimônios históricos e culturais, que nos ajudam a entender e
vislumbar fatos decisivos da história do Pará? Pois é exatamente isso
que oferece a Rota Turística Histórica Belém-Bragança, um roteiro
especial pelas estradas do Estado que é um verdadeiro museu a céu
aberto, com inúmeras atrações para quem quer descobrir novas paisagens
do Pará.
O passeio rodoviário na rota já é considerado patrimônio cultural e
imaterial dos paraenses. E recentemente, com investimentos da Secretaria
de Estado de Turismo (Setur), ganhou sinalização rodoviária, que
orienta quem quer descobrir suas atrações. São 223 quilômetros, que
podem ser percorridos preferencialmente sem pressa, e com muita atenção
aos detalhes e atrativos espalhados por um percurso que se estende do
Distrito de Icoaraci, e do Bairro de São Brás, em Belém, até o município
de Bragança, no nordeste paraense.
imaterial dos paraenses. E recentemente, com investimentos da Secretaria
de Estado de Turismo (Setur), ganhou sinalização rodoviária, que
orienta quem quer descobrir suas atrações. São 223 quilômetros, que
podem ser percorridos preferencialmente sem pressa, e com muita atenção
aos detalhes e atrativos espalhados por um percurso que se estende do
Distrito de Icoaraci, e do Bairro de São Brás, em Belém, até o município
de Bragança, no nordeste paraense.
Quilômetro a quilômetro, e a cada palmo de pontes, velhos casarios e,
por vezes, até ruínas, picadas na mata e trechos de terra batida –
francos convites a almas mais aventureiras -, o que essa rota turística
nos conta é a história da extinta Estrada de Ferro de Bragança, que nos
áureos tempos do Ciclo da Borracha, no final do século XIX e início do
século XX, ligou Belém a uma das mais antigas cidades da Zona do
Salgado.
por vezes, até ruínas, picadas na mata e trechos de terra batida –
francos convites a almas mais aventureiras -, o que essa rota turística
nos conta é a história da extinta Estrada de Ferro de Bragança, que nos
áureos tempos do Ciclo da Borracha, no final do século XIX e início do
século XX, ligou Belém a uma das mais antigas cidades da Zona do
Salgado.
Expondo o glamour e os capítulos da derrocada do empreendimento, que
foi decisivo para o desenvolvimento e a ocupação do Pará e da porção
oriental da Amazônia, a rota envolve 13 municípios, além de Belém e
Bragança: nos trilhos da estrada de ferro se entrelaçaram também os
caminhos de Ananindeua, Marituba, Benevides, Santa Izabel do Pará,
Castanhal, São Francisco do Pará, Igarapé-Açu, Nova Timboteua,
Peixe-Boi, Capanema e Tracuateua. E os atrativos e descobertas se
espalham pela BR-316 (Belém a Castanhal), PA-320 (Castanhal a
Igarapé-Açu), PA-242 (Igarapé-Açu a Capanema) e BR-308 (Capanema a
Bragança).
foi decisivo para o desenvolvimento e a ocupação do Pará e da porção
oriental da Amazônia, a rota envolve 13 municípios, além de Belém e
Bragança: nos trilhos da estrada de ferro se entrelaçaram também os
caminhos de Ananindeua, Marituba, Benevides, Santa Izabel do Pará,
Castanhal, São Francisco do Pará, Igarapé-Açu, Nova Timboteua,
Peixe-Boi, Capanema e Tracuateua. E os atrativos e descobertas se
espalham pela BR-316 (Belém a Castanhal), PA-320 (Castanhal a
Igarapé-Açu), PA-242 (Igarapé-Açu a Capanema) e BR-308 (Capanema a
Bragança).
História sobre trilhos – Após 80 anos de
funcionamento – o seu primeiro trecho foi inaugurado em 1884 -, a
Estrada de Ferro de Bragança (EFB) foi melancolicamente desativada em 31
de dezembro de 1964, sob o peso da ditadura militar. Francamente
alinhado com uma grande necessidade norte-americana de expansão dos
mercados consumidores de automóveis em todo o planeta, o Brasil daquela
época reverberava um ideário de modernidade, que via nas auto-estradas a
redenção e nas ferrovias a representação máxima do atraso.
funcionamento – o seu primeiro trecho foi inaugurado em 1884 -, a
Estrada de Ferro de Bragança (EFB) foi melancolicamente desativada em 31
de dezembro de 1964, sob o peso da ditadura militar. Francamente
alinhado com uma grande necessidade norte-americana de expansão dos
mercados consumidores de automóveis em todo o planeta, o Brasil daquela
época reverberava um ideário de modernidade, que via nas auto-estradas a
redenção e nas ferrovias a representação máxima do atraso.
Entre os maiores exemplos desse momento peculiar do Brasil estão os
trilhos arrancados de todos os quilômetros iniciais da ferrovia, que
partia de São Brás. Tudo para a construção da Avenida Almirante Barroso.
Também são chocantes, nesses capítulos da história paraense, os
registros de como comunidades inteiras, formadas ao longo do caminho
férreo, foram simplesmente abandonadas, de um dia para o outro, sem
conexão de transporte com o resto do Estado, após a extinção da
circulação dos trens naquele último dia de dezembro de 1964.
trilhos arrancados de todos os quilômetros iniciais da ferrovia, que
partia de São Brás. Tudo para a construção da Avenida Almirante Barroso.
Também são chocantes, nesses capítulos da história paraense, os
registros de como comunidades inteiras, formadas ao longo do caminho
férreo, foram simplesmente abandonadas, de um dia para o outro, sem
conexão de transporte com o resto do Estado, após a extinção da
circulação dos trens naquele último dia de dezembro de 1964.
Populações
inteiras ficaram ilhadas. “Muitos que partiram naquele dia para a
capital não puderam mais voltar as suas cidades de origem”, conta o
escritor e historiador paraense Leôncio Siqueira, autor do livro
“Trilhos: o caminho dos sonhos”, que narra a história da Ferrovia
Belém-Bragança.
inteiras ficaram ilhadas. “Muitos que partiram naquele dia para a
capital não puderam mais voltar as suas cidades de origem”, conta o
escritor e historiador paraense Leôncio Siqueira, autor do livro
“Trilhos: o caminho dos sonhos”, que narra a história da Ferrovia
Belém-Bragança.
E sem notícias do que havia acontecido, muitas cidades tiveram que
abrir novos caminhos e restabelecer, de novo, a comunicação com o
Estado. São fatos que reverberam até hoje no ordenamento socioeconômico
da região.
abrir novos caminhos e restabelecer, de novo, a comunicação com o
Estado. São fatos que reverberam até hoje no ordenamento socioeconômico
da região.
“A Estrada de Ferro de Bragança surgiu num cenário único. Belém havia
crescido 400% em pouco tempo, movida pela economia da borracha, e havia
necessidade de suprir demandas alimentícias. Ao mesmo tempo, nossa
agricultura estava esfacelada por acontecimentos que marcaram o século
XIX, como a Cabanagem”, destaca Leôncio Siqueira.
crescido 400% em pouco tempo, movida pela economia da borracha, e havia
necessidade de suprir demandas alimentícias. Ao mesmo tempo, nossa
agricultura estava esfacelada por acontecimentos que marcaram o século
XIX, como a Cabanagem”, destaca Leôncio Siqueira.
Foi assim que governos do Pará passaram a investir na formação de
colônias agrícolas rumo ao nordeste paraense, sendo Benevides a
primeira, com mais de 364 europeus instalados em 1865. “A estrada de
ferro foi o motor desse desenvolvimento, criando comunidades que deram
origem a diversos municípios, que hoje se estendem até Bragança.
Transportando cargas e pessoas, foi um vetor de grande interação
cultural e econômica”, afirma o escritor.
colônias agrícolas rumo ao nordeste paraense, sendo Benevides a
primeira, com mais de 364 europeus instalados em 1865. “A estrada de
ferro foi o motor desse desenvolvimento, criando comunidades que deram
origem a diversos municípios, que hoje se estendem até Bragança.
Transportando cargas e pessoas, foi um vetor de grande interação
cultural e econômica”, afirma o escritor.
De Belém a Castanhal – Resquícios dessas páginas da
história do Pará ainda estão à disposição de olhares mais curiosos na
própria Região Metropolitana de Belém, embora a maior parte dos
vestígios tenha sido apagada – como a estação ferroviária, de onde
partiam as locomotivas, em São Brás, demolida para dar lugar ao atual
Terminal Rodoviário.
história do Pará ainda estão à disposição de olhares mais curiosos na
própria Região Metropolitana de Belém, embora a maior parte dos
vestígios tenha sido apagada – como a estação ferroviária, de onde
partiam as locomotivas, em São Brás, demolida para dar lugar ao atual
Terminal Rodoviário.
Em Icoaraci, uma dessas raridades é o casario da antiga Estação
Pinheiro, o ponto final do ramal da Estrada de Ferro de Bragança, que
levava o trem de passageiros até o distrito. O velho prédio ainda pode
ser visto na Praça da Matriz. Da mesma maneira, ainda resiste a
centenária construção da Caixa D’Água de Marituba, com seus serenos
pilares marcados por arcos, à margem da agitada BR-316. Na época, as
caixas d’água eram importantes no trajeto de toda a ferrovia porque a
água era essencial para o funcionamento das locomotivas a vapor.
Pinheiro, o ponto final do ramal da Estrada de Ferro de Bragança, que
levava o trem de passageiros até o distrito. O velho prédio ainda pode
ser visto na Praça da Matriz. Da mesma maneira, ainda resiste a
centenária construção da Caixa D’Água de Marituba, com seus serenos
pilares marcados por arcos, à margem da agitada BR-316. Na época, as
caixas d’água eram importantes no trajeto de toda a ferrovia porque a
água era essencial para o funcionamento das locomotivas a vapor.
Em Benevides e Santa Izabel, antigas estações e até velhas moradias
de empregados da ferrovia ainda podem ser vistas em prédios públicos,
transformados em repartições, centros comerciais e até agências postais.
A fazenda Moema também guarda ruínas.
de empregados da ferrovia ainda podem ser vistas em prédios públicos,
transformados em repartições, centros comerciais e até agências postais.
A fazenda Moema também guarda ruínas.
E para além das velhas estações desativadas, ruínas, caixas d’água e
pontes de ferro que ainda podem ser visitadas ao longo da rota histórica
da estrada de ferro, poucas relíquias dos trens que cruzavam o Estado
no passado podem ser vistas em lugares públicos. Uma delas é o vagão que
foi, no passado, inteiramente dedicado a servir de transporte para o
governador Magalhães Barata pelo interior do Estado. Ele está preservado
e permanece em exposição no Parque Residência, na Avenida Magalhães
Barata, em São Brás.
pontes de ferro que ainda podem ser visitadas ao longo da rota histórica
da estrada de ferro, poucas relíquias dos trens que cruzavam o Estado
no passado podem ser vistas em lugares públicos. Uma delas é o vagão que
foi, no passado, inteiramente dedicado a servir de transporte para o
governador Magalhães Barata pelo interior do Estado. Ele está preservado
e permanece em exposição no Parque Residência, na Avenida Magalhães
Barata, em São Brás.
Outra raridade é a locomotiva Castanhal 28, a única, entre as várias
que circulavam pela ferrovia, que pode ser visitada. A velha
“maria-fumaça”, que passou a ligar Castanhal à rede ferroviária
bragantina a partir de 1904, hoje está exposta em praça pública na
“Cidade Modelo”. Ela pode ser conferida, detalhe a detalhe, no galpão
especial instalado na Praça da Associação Comercial e Industrial de
Castanhal, no Bairro Estrela.
que circulavam pela ferrovia, que pode ser visitada. A velha
“maria-fumaça”, que passou a ligar Castanhal à rede ferroviária
bragantina a partir de 1904, hoje está exposta em praça pública na
“Cidade Modelo”. Ela pode ser conferida, detalhe a detalhe, no galpão
especial instalado na Praça da Associação Comercial e Industrial de
Castanhal, no Bairro Estrela.
Águas e relíquias – A partir de
Castanhal, as diversas opções de banhos em igarapés e rios, intercaladas
por belas estruturas remanescentes das estações, pontes e trilhos da
estrada de ferro, fazem do trecho seguinte da Rota Turística
Belém-Bragança o mais atrativo. Na PA-320, o destaque é a parada nas
águas do igarapé que banha a localidade de Jambu-Açu, no município de
São Francisco do Pará. Além das belezas do tranquilo balneário, é lá que
fica a Ponte Invertida, construída totalmente em ferro, sobre as águas
frias do Jambu-Açu.
Castanhal, as diversas opções de banhos em igarapés e rios, intercaladas
por belas estruturas remanescentes das estações, pontes e trilhos da
estrada de ferro, fazem do trecho seguinte da Rota Turística
Belém-Bragança o mais atrativo. Na PA-320, o destaque é a parada nas
águas do igarapé que banha a localidade de Jambu-Açu, no município de
São Francisco do Pará. Além das belezas do tranquilo balneário, é lá que
fica a Ponte Invertida, construída totalmente em ferro, sobre as águas
frias do Jambu-Açu.
No trecho da PA-242, que liga Igarapé-Açu a Capanema, o destaque é a
parada obrigatória na ponte de ferro sobre o rio Livramento, na
comunidade quilombola de Nossa Senhora do Livramento. A estrutura de
metal tem uma beleza peculiar, aliada a mais uma caixa d´água da
ferrovia. Igarapé-Açu marca exatamente a metade do caminho para
Bragança, e toda a extensão da rota histórica na PA-242 encontra-se em
excelente estado. A estrada também está incluída entre as cinco
prioridades de novos investimentos nas rodovias paraenses, previstos
para os próximos dois anos. O Governo do Estado quer pavimentar seus
outros 23 quilômetros, que ligam Santo Antônio do Tauá a Castanhal.
parada obrigatória na ponte de ferro sobre o rio Livramento, na
comunidade quilombola de Nossa Senhora do Livramento. A estrutura de
metal tem uma beleza peculiar, aliada a mais uma caixa d´água da
ferrovia. Igarapé-Açu marca exatamente a metade do caminho para
Bragança, e toda a extensão da rota histórica na PA-242 encontra-se em
excelente estado. A estrada também está incluída entre as cinco
prioridades de novos investimentos nas rodovias paraenses, previstos
para os próximos dois anos. O Governo do Estado quer pavimentar seus
outros 23 quilômetros, que ligam Santo Antônio do Tauá a Castanhal.
Ainda na PA-242, enquanto Nova Timboteua e Peixe-Boi guardam mais
duas estações ferroviárias, as caudalosas águas do Rio Peixe-Boi, e a
bem cuidada área para veranistas, convidam ao banho refrescante em águas
límpidas.
duas estações ferroviárias, as caudalosas águas do Rio Peixe-Boi, e a
bem cuidada área para veranistas, convidam ao banho refrescante em águas
límpidas.
Off-road – A partir de Capanema, a rota histórica
também guarda boas surpresas e diversidade de opções. Para os mais
aventureiros há um trecho sem asfalto de 16 quilômetros, que leva à
localidade de Tauari – onde encontramos outra estação desativada. São
cerca de 40 minutos por uma trilha off-road de piçarra, que corta várias
comunidades – sugerida apenas para quem partiu para o passeio com
veículos aptos a vencer obstáculos naturais, como a lama.
também guarda boas surpresas e diversidade de opções. Para os mais
aventureiros há um trecho sem asfalto de 16 quilômetros, que leva à
localidade de Tauari – onde encontramos outra estação desativada. São
cerca de 40 minutos por uma trilha off-road de piçarra, que corta várias
comunidades – sugerida apenas para quem partiu para o passeio com
veículos aptos a vencer obstáculos naturais, como a lama.
Também é possível chegar a Tauari pela BR-308 (o trecho final que
leva a Bragança), em 22 quilômetros de asfalto. De Tauari, também por
bons nove quilômetros de asfalto, se chega a um dos melhores balneários
da Rota Histórica da Ferrovia Belém-Bragança. Na localidade de
Mirasselvas, outra estação ferroviária pode ser encontrada – esta mais
preservada -, mas a grande atração é o banho nas águas escuras, mas
surpreendentemente cristalinas, do Rio Quatipuru. Ele é a penúltima
oportunidade de banho sossegado em águas refrescantes antes de Bragança.
O próximo balneário, Bucania, fica às margens da BR-308, e também se
destaca pela beleza.
leva a Bragança), em 22 quilômetros de asfalto. De Tauari, também por
bons nove quilômetros de asfalto, se chega a um dos melhores balneários
da Rota Histórica da Ferrovia Belém-Bragança. Na localidade de
Mirasselvas, outra estação ferroviária pode ser encontrada – esta mais
preservada -, mas a grande atração é o banho nas águas escuras, mas
surpreendentemente cristalinas, do Rio Quatipuru. Ele é a penúltima
oportunidade de banho sossegado em águas refrescantes antes de Bragança.
O próximo balneário, Bucania, fica às margens da BR-308, e também se
destaca pela beleza.
Mergulhados nas águas do Rio Quatipuru ao sol do meio-dia, o carioca
Raimundo Oliveira, 43 anos, e a paraense Mônica Lima, 35, esquecem estar
em plena quarta-feira. Só o barulho das águas e das suas próprias vozes
imperava no local. “Essa tranquilidade e esse silêncio não têm preço.
Esse rio é um paraíso”, afirma o casal, que há 12 anos mora no Grajaú,
no Rio de Janeiro. “Sempre venho nas férias. Sou daqui”, conta a
sorridente Mônica. O que é um desfrute anual para os “pariocas” do
Grajaú é um privilégio cotidiano para o casal Joaquim Reis, 34, técnico
em enfermagem, e Milena Costa, 22, moradores de Tracuateua. “Sempre
tomamos banho aqui, todos os dias. É uma delícia. É só entrar e deixar a
preocupação ir embora”, ressalta Milena.
Raimundo Oliveira, 43 anos, e a paraense Mônica Lima, 35, esquecem estar
em plena quarta-feira. Só o barulho das águas e das suas próprias vozes
imperava no local. “Essa tranquilidade e esse silêncio não têm preço.
Esse rio é um paraíso”, afirma o casal, que há 12 anos mora no Grajaú,
no Rio de Janeiro. “Sempre venho nas férias. Sou daqui”, conta a
sorridente Mônica. O que é um desfrute anual para os “pariocas” do
Grajaú é um privilégio cotidiano para o casal Joaquim Reis, 34, técnico
em enfermagem, e Milena Costa, 22, moradores de Tracuateua. “Sempre
tomamos banho aqui, todos os dias. É uma delícia. É só entrar e deixar a
preocupação ir embora”, ressalta Milena.
Pérola do Caeté – Poucos minutos além das 06 horas,
as águas espelhadas do Rio Caeté contrastam com o movimento frenético do
porto. Lá em cima, o casario e a Igreja de São Benedito ajudam o céu
azul de Bragança a emoldurar a chegada de um novo dia. Na parte de
baixo, as palavras se misturam aos aromas próprios do porto: o jogo do
Remo, comentários sobre o Papão (eterno rival azulino), 12 ou quatro
quilos, 12 reais e cinquenta e tantos centavos.
as águas espelhadas do Rio Caeté contrastam com o movimento frenético do
porto. Lá em cima, o casario e a Igreja de São Benedito ajudam o céu
azul de Bragança a emoldurar a chegada de um novo dia. Na parte de
baixo, as palavras se misturam aos aromas próprios do porto: o jogo do
Remo, comentários sobre o Papão (eterno rival azulino), 12 ou quatro
quilos, 12 reais e cinquenta e tantos centavos.
“É pescada, gurijuba. São até oito mil quilos cada vez que a gente
aporta aqui. Hoje são dois mil quilos só de gurijuba. Num barco desses
temos R$ 36 mil em mercadoria”, conta Benedito da Silva Miranda, que faz
contas sem tirar os olhos da escotilha aberta que leva à geleira do
barco. Também fica atento aos oito homens que correm para descarregar os
peixes, como se nunca mais fossem acabar o serviço.
aporta aqui. Hoje são dois mil quilos só de gurijuba. Num barco desses
temos R$ 36 mil em mercadoria”, conta Benedito da Silva Miranda, que faz
contas sem tirar os olhos da escotilha aberta que leva à geleira do
barco. Também fica atento aos oito homens que correm para descarregar os
peixes, como se nunca mais fossem acabar o serviço.
Um deles é outro Bené, dos muitos que se encontram na terra abraçada
com carinho pelo padroeiro gigante (São Benedito), que virou imponente
mirante de mais de 180 degraus – com seu pão à mão direita e o menino
Jesus no colo esquerdo. O Benedito de Souza, 30 anos, quase não fala. É
como se fosse mais um dos peixes que joga para fora do barco. Só
confirma que há quase 20 anos trabalha embarcado. Começou menino. Põe a
luva e some de novo no porão. “Foram 15 dias na costa do Amapá. Voltaram
hoje”, informa, por ele, o gerente do barco São Cristóvão Dois.
com carinho pelo padroeiro gigante (São Benedito), que virou imponente
mirante de mais de 180 degraus – com seu pão à mão direita e o menino
Jesus no colo esquerdo. O Benedito de Souza, 30 anos, quase não fala. É
como se fosse mais um dos peixes que joga para fora do barco. Só
confirma que há quase 20 anos trabalha embarcado. Começou menino. Põe a
luva e some de novo no porão. “Foram 15 dias na costa do Amapá. Voltaram
hoje”, informa, por ele, o gerente do barco São Cristóvão Dois.
Com 120.124 habitantes, Bragança fará 403 anos de fundação no próximo
dia 8 de julho. A fartura da pesca foi uma das principais redenções da
região quando a bancarrota veio dos trilhos arrancados da extinta
ferrovia. O mar é o melhor amigo da cidade, que no baú de tesouros dos
bragantinos é a “Pérola do Caeté”.
dia 8 de julho. A fartura da pesca foi uma das principais redenções da
região quando a bancarrota veio dos trilhos arrancados da extinta
ferrovia. O mar é o melhor amigo da cidade, que no baú de tesouros dos
bragantinos é a “Pérola do Caeté”.
Muito trabalho no verão – “Vamos ter o melhor verão
de todos. Precisamos muito. Passamos um ano muito ruim, de crise. Julho
tudo sempre melhora para todo mundo”, diz, animada, Eliana Martins, 49
anos, a dona “Lilica”. Com a destreza advinda da experiência, que
permite o manuseio sem segredos da lâmina, ela descama outro peixe no
jirau modesto, em mais uma entre as várias barracas de madeira que se
espalham pela Praia de Ajuruteua, um dos recantos oceânicos de Bragança.
de todos. Precisamos muito. Passamos um ano muito ruim, de crise. Julho
tudo sempre melhora para todo mundo”, diz, animada, Eliana Martins, 49
anos, a dona “Lilica”. Com a destreza advinda da experiência, que
permite o manuseio sem segredos da lâmina, ela descama outro peixe no
jirau modesto, em mais uma entre as várias barracas de madeira que se
espalham pela Praia de Ajuruteua, um dos recantos oceânicos de Bragança.
Dona “Lilica” fala como se estivesse se reerguendo. Vende lanches o
ano todo, como ambulante. São décadas acreditando que vender comida é o
que coloca o pão na mesa. E julho é o momento especial dessa rotina de
valente sobrevivência. “Vamos fazer ser bom”, responde a quem pergunta
sobre as adversidades impostas pelo avanço recente do mar sobre os
bares, restaurantes, hotéis e pousadas espalhados ao longo da praia. “As
pessoas já vão chegar e precisamos estar prontos. Precisamos de apoio”,
suspira, apontando com a faca para o horizonte, na direção das
barracas.
ano todo, como ambulante. São décadas acreditando que vender comida é o
que coloca o pão na mesa. E julho é o momento especial dessa rotina de
valente sobrevivência. “Vamos fazer ser bom”, responde a quem pergunta
sobre as adversidades impostas pelo avanço recente do mar sobre os
bares, restaurantes, hotéis e pousadas espalhados ao longo da praia. “As
pessoas já vão chegar e precisamos estar prontos. Precisamos de apoio”,
suspira, apontando com a faca para o horizonte, na direção das
barracas.
A ajuda vem chegando quilômetro a quilômetro. A recuperação completa
do trecho de 37 quilômetros da PA-487, que liga Bragança à Praia de
Ajuruteua, também foi incluída na lista de prioridades do governo do
Estado para os próximos dois anos. Já foram concluídas as obras de todas
as pontes desse trecho, construídas em concreto. Agora será feito um
novo recapeamento integral da estrada, que rasga a vasta região de
mangue preservado. Tão preservado que não é difícil a viajantes, olhando
pela janela, lembrarem da lenda de Ataíde – o ser mítico, de membros
enormes, que espanta quem maltrata a natureza, na crença dos homens que
ganham a vida na lama de Bragança, catando caranguejos.
do trecho de 37 quilômetros da PA-487, que liga Bragança à Praia de
Ajuruteua, também foi incluída na lista de prioridades do governo do
Estado para os próximos dois anos. Já foram concluídas as obras de todas
as pontes desse trecho, construídas em concreto. Agora será feito um
novo recapeamento integral da estrada, que rasga a vasta região de
mangue preservado. Tão preservado que não é difícil a viajantes, olhando
pela janela, lembrarem da lenda de Ataíde – o ser mítico, de membros
enormes, que espanta quem maltrata a natureza, na crença dos homens que
ganham a vida na lama de Bragança, catando caranguejos.
Na semana que marcou a véspera de julho, o cenário em Ajuruteua era o
mesmo de uma pequena cidade que se refaz, freneticamente. Batidas de
martelo, serrotes e pincéis retocando a madeira são vistos e ouvidos por
toda parte, mesmo diante dos escombros de alvenaria que ainda não foram
retirados. Seria o mar também mais um dos longos braços de Ataíde?
mesmo de uma pequena cidade que se refaz, freneticamente. Batidas de
martelo, serrotes e pincéis retocando a madeira são vistos e ouvidos por
toda parte, mesmo diante dos escombros de alvenaria que ainda não foram
retirados. Seria o mar também mais um dos longos braços de Ataíde?
“Aqui é lindo de qualquer jeito. As pessoas não deixarão de vir por
isso. Cabe a Ajuruteua, agora, se refazer, entender o que a natureza
está dizendo e ir em frente”, pondera Jéssica Corrêa, tomando sol na
areia ao lado da prima, a técnica de enfermagem Jeane Corrêa. A paraense
Jéssica, que trabalha há anos como analista de advocacia em São Paulo,
veio passar o mês de junho na praia que mais aprecia na sua terra natal.
“Aqui as águas são calmas”, garante.
isso. Cabe a Ajuruteua, agora, se refazer, entender o que a natureza
está dizendo e ir em frente”, pondera Jéssica Corrêa, tomando sol na
areia ao lado da prima, a técnica de enfermagem Jeane Corrêa. A paraense
Jéssica, que trabalha há anos como analista de advocacia em São Paulo,
veio passar o mês de junho na praia que mais aprecia na sua terra natal.
“Aqui as águas são calmas”, garante.
Serviço da Rota Turística Histórica Belém-Bragança
Trajeto: 223 quilômetros de Belém até
Bragança, incluindo Ananindeua, Marituba, Benevides, Santa Izabel do
Pará, Castanhal, São Francisco do Pará, Igarapé-Açu, Nova Timboteua,
Peixe-Boi, Capanema e Tracuateua.
Principais atrações: uma vasta rede de igarapés e
tranquilos balneários se estendem por toda a rota, que é marcada por
pontes e antigas construções da estrada de ferro. Na Pérola do Caeté, o
calçadão da orla e o centro histórico da cidade reúnem diversas atrações
turísticas e gastronômicas, praças, bares e sorveterias, rodeados por
um belo e preservado conjunto arquitetônico, que inclui o Teatro Museu
da Marujada, a Igreja de São Benedito e o galpão da Marujada.
Tempo estimado: três a quatro horas (ou mais, dependendo da disponibilidade de paradas).
Estimativas de custos em Bragança.
Hotéis
Há variadas opções de diárias e instalações de boa qualidade. Os preços variam de R$ 60,00 a R$ 220,00.
Alimentação
Há diversas pizzarias, peixarias, hamburguerias, sorveterias e casas de
lanches. Nos restaurantes, os pratos oferecem boas opções, com preços
variando de R$ 15,00 a R$ 85,00, para duas ou quatro pessoas.
Farinha de Bragança
Considerada a mais saborosa do Pará. É encontrada entre R$ 5,00 a R$ 7,00 o quilo (comum ou lavada)”.
Por Lázaro Magalhães
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