A transferência dos criminosos alivia a tensão que domina os presídios do estado |
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Eles mandaram matar 11 policiais militares apenas este ano. Também mandaram matar desafetos ligados às organizações criminosas, viciados em drogas que deram o “cano” em traficantes. Comandavam de dentro das cadeias sequestros relâmpagos, assaltos a carro-forte e ataques a agências bancárias. Enfim, espalhavam terror pelo Pará, mesmo presos. Era como se estivessem soltos. Agora, estão longe daqui, transferidos numa operação articulada entre o governo do Pará e o Ministério da Justiça.
Segundo matéria da Agência Pará, ligada à área de comunicação do governo estadual, por meio de uma articulação entre a inteligência da Polícia Civil e a Superintendência do Sistema Penitenciário, foi descoberto no complexo penitenciário de Americano, em Santa Isabel, um plano de fuga em massa, articulado pelos 30 chefes da organização criminosa.
O objetivo era soltar 400 detentos. A fuga ocorreria ontem, sábado. Um túnel com 40 metros de comprimento e oito de profundidade, seria o canal da liberdade dos bandidos. O plano, porém, fracassou, porque descoberto antes de sua execução.
Em entrevista, o governador Helder Barbalho afirma que se o plano dos criminosos tivesse dado certo, teria repercussões em outras unidades prisionais, nas ruas e também em serviços e áreas públicas, algo semelhante ao que ocorreu no Ceará, em janeiro último, quando 23 presos ligados ao Comando Vermelho fugiram da Cadeia Pública de Pacoti, em meio a uma crise na segurança pública naquele estado.
“Com estas informações, montamos uma estratégia para evitar que este episódio se viabilizasse, com medidas de saturação dentro do presídio, bem como a solicitação ao Ministério da Justiça, e ao Poder Judiciário Estadual e Federal para o deslocamento das principais lideranças de facções criminosas até então custodiadas no Sistema Penal do Estado”, detalhou o governador, sem nominar as facções por uma questão de segurança nas investigações, que irão continuar.
“Asseguramos que são os principais líderes das atuações envolvendo violências ostensivas no Estado e tráfico de drogas”, reforçou. Helder não descarta que possam haver novas transferências, e inclusive, já repassou essa possibilidade ao Ministério da Justiça. “Em paralelo, estamos agindo com a ostensividade das ações dentro dos complexos. Conseguimos obstruir o túnel descoberto em uma ação exitosa, que permitiu evitarmos essas fugas em massa, como também tivemos a condição de retirada de armamentos que poderiam estar dentro do complexo”, acrescentou.
Celulares e armas na comida
Para os órgãos de segurança pública, toda essa trama vem como uma resposta a uma portaria instituída há 20 dias pelo governo do Estado, impedindo a entrada de qualquer tipo de alimento dentro do cárcere, além das refeições servidas regularmente.
“Isso facilitava a burlar o sistema de fiscalização, permitindo que aparelhos de comunicação pudessem estar nos presídios”, justificou, informando, ainda, que o processo de scanner foi reforçado dentro das unidades, também na intenção de impedir que telefones celulares cheguem aos presos. “Isso, seguramente, motivou esta reação e esta tentativa de desestabilização do sistema carcerário paraense”, diz o governador.
Segundo ele, a transferência dos presos foi para “evitar o caos”. “A partir de inteligência e informação, nós evitamos uma ação que resultaria na necessidade de agir reativamente. Isso não nos impede ou exime de continuar trabalhando para evitar outras, até porque sabemos que toda ação traz uma reação. Estamos agindo preventivamente e reações virão. Estaremos atentos para manter a sociedade preservada”.
Moro: “agradeço apoio da FAB”
Num comentário no twitter (acima), o ministro da Justiça, Sérgio Moro, diz que durante a madrugada de sexta-feira, pedido do governo do Pará, o Ministério da Justiça/Depen, transferiu 30 lideranças criminosas daquele Estado para presídios federais”.
Moro agradece ao “competente apoio da FAB” e resume que a transferência dos criminosos “desarticulou a organização criminosa e preveniu possível rebelião prisional”.
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