As comunidades protestam contra os abusos da empresa do príncipe e foram à Justiça |
Bin Salman: uma enrascada das arábias |
Quem diria, não é mesmo? Em Abaetetuba, onde a degradação ambiental e o descaso com vidas humanas batem ponto todos os dias, até o príncipe Bin Salman, sucessor do trono na Arábia Saudita, tem seu nome gritado em manifestações de protestos. E é por um motivo que cheira muito mal.
O príncipe é um dos sócios da empresa brasileira Minerva Foods, que há meses, num crime totalmente impune e para o qual nossas autoridades parecem estar cegas, vem despejando urina e fezes de gado confinado, poluindo o Rio Curuperê.
O desespero domina os moradores da comunidade Curuperê Grande, pois o rio fica praticamente na porta das residências. Para piorar, as chuvas que têm caído na região e a subida da maré alagam as casas, trazendo grande quantidade de fezes e um odor insuportável.
Na fazenda da Minerva Foods, uma imensa área entre os municípios de Abaetetuba e Igarapé-Miri, não há qualquer fiscalização. A licença ambiental emitida pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), como se vê, soa como piada de mau gosto.
Nessa fazenda, segundo os moradores do Curuperê, estão concentradas, diariamente, 27 mil cabeças de gado para exportação. O gado embarca pelo porto de Vila do Conde, em Barcarena, com destino a países como Egito, Líbano e a própria Arábia Saudita.
Certamente, o príncipe, seus súditos e a rica população da Arábia Saudita, estão comendo do bom e do melhor, saboreando a carne paraense, enquanto o povo deste pobre Pará é obrigado a suportar o fedor das fezes e a urina do gado que vai para a mesa de sua alteza.
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Os moradores do Curuperê Grande, por meio da Associação dos Caboclos, Indígenas e Quilombolas da Amazônia (Cainquiama), já realizaram diversas manifestações pedindo socorro às autoridades. Sabem o que aconteceu? Nada vezes nada.
Cansados de dar murro em ponta de faca, eles ingressaram, nesta terça-feira, com ação civil pública coletiva na 5ª Vara da Fazenda, de Direitos Difusos e Coletivos, em Belém, pedindo a suspensão do licenciamento ambiental concedido à empresa Minerva.
Até quando o Pará vai suportar agressões ambientais desse tipo? Com a palavra, o Ministério Público.
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