A ciência evolui a cada dia. Novas descobertas são feitas na química, na física, na biologia. Os grandes laboratórios, sintonizados com esses avanços, produzem drogas para curar doenças antigas e as novas que surgem. O homem avança em outros setores: telescópios espaciais vasculham o Universo, detectando novos sistemas solares e planetas em busca de vida semelhante à nossa. Programa-se uma descida humana em Marte, para os próximos 20 anos.
O mundo cibernético cria novos mecanismos para ajudar o homem em suas tarefas cotidianas. Podemos repor partes de nossos corpos extirpadas, usando próteses feitas numa impressora 3D. O mapeamento genético pode contribuir para evitar que o neto herde a doença dos avós. Evoluimos demais em outros campos, para proporcionar maior conforto e qualidade de vida aos seres humanos. Para os que podem pagar por isso, naturalmente.
Mas, é perturbador saber que, no plano das relações sociais e humanas, viramos as costas para problemas que colocam em risco nossa própria espécie. Por arrogância, descaso, quem sabe racismo, governos e povos esqueceram de países da África. Lá, as guerras políticas e tribais se sucedem, fazendo milhões de vítimas, principalmente quem não pediu para nascer, as crianças. Tiranos de plantão matam e morrem com incontida voracidade
O direito de usufruir de coisas básicas, como ter refeição diária, calçar, vestir, estudar, acesso à saúde, água potável para beber ou ter uma casa, virou um sonho distante para esses povos. São seres apartados da espécie humana que esbanja, joga comida fora, tem gorda conta bancária e vai todos os dias à igreja aliviar a alma e orar.
Quatro milhões de pessoas do Sudão do Sul, na África, estão em risco de morrer de fome, segundo a Organização das Nações Unidas. A ONU pede para que agências humanitárias tenham acesso a áreas de
conflito num esforço para evitar que crianças morram de fome. Mas em Kaldak, no extremo leste do país, o impacto da guerra civil é evidente.
Famílias são obrigadas a comer grama e folhas de árvores para sobreviver, diante da falta de ajuda. Isso mesmo: grama. A crise alimentar naquele país é agora a pior do mundo, afirmou nesta sexta-feira o Conselho de
Segurança das Nações Unidas, que pede um financiamento urgente para
intensificar as entregas da ajuda necessária.
Diante da ameaça, o Conselho convocou os países a cumprir suas promessas
de reunir 618 milhões de dólares para ajudar o Sudão do Sul, como ficou
acertado em uma conferência em maio passado, e a ampliar seu
compromisso. Os combates no Sudão do Sul explodiram em dezembro passado, com uma
disputa pelo poder entre o presidente Salva Kiir e seu vice Riek Machar.
Os conflitos como o da Síria, Iraque e Sudão do Sul são os principais
causadores da fome”, disse em Berlim, Bärbel
Dieckmann, presidente da ONG alemã Welthungerhilfe (Ajuda Mundial contra
a Fome).Esta ONG, que elabora anualmente o índice junto à irlandesa Concern
Worldwide e ao Instituto Internacional de Pesquisa sobre Políticas
Alimentícias (IFPRI), lembrou que “mais de 80% dos refugiados no mundo
todo ficam em sua terra ou nos países vizinhos”.
O grito dos “invisíveis”
Estas pessoas “são as que mais sofrem com a violência e a situação sem
perspectivas” e, “despercebidas pela comunidade internacional, têm que
lutar a cada dia para conseguir comida, água e atendimento médico”,
ressaltou Dieckmann. Segundo o relatório, uma média de 42,5 mil pessoas fugiram no ano
passado diariamente de seus lares e aproximadamente 59,5 milhões no
mundo todo vivem deslocadas por causa dos conflitos armados.
“Só com a eliminação das causas dos conflitos armados, na Síria, por
exemplo, podemos acabar com a fome a longo prazo”, advertiu Dieckmann. Os países com o maior índice de fome (República Centro-Africana e
Chade, seguidos pela Zâmbia) viveram um conflito armado ou estiveram
imersos na instabilidade política nos últimos anos, explica o relatório. Enquanto isso, Angola, Etiópia e Ruanda, países que há 20 anos ainda
estavam imersos em uma guerra civil, melhoraram substancialmente sua
situação desde o fim de suas respectivas disputas.
desenvolvimento, que desde o ano 2000 progrediram notavelmente no
combate à fome, e cujo índice em nível global caiu 27%. Entre os dez países que alcançaram desde 2000 a maior redução de seu
índice de fome (entre 53% e 71%) figuram três sul-americanos (Brasil,
Peru e Venezuela), um asiático (Mongólia), quatro ex-repúblicas
soviéticas (Azerbaijão, Quirguistão, Letônia e Ucrânia) e duas
ex-repúblicas iugoslavas (Bósnia e Croácia).
“Estamos mais confiantes do que nunca de que podemos vencer a fome
sempre e quando não nos conformemos com o conseguido até agora”,
declarou Klaus von Grebmer, analista do IFPRI. Apesar dos avanços registrados no combate à crise de fome no mundo, 44
dos 117 países compreendidos no índice continuam apresentando níveis
“muito graves”, e em outros 8, “alarmantes”.
A fome no mundo continua sendo um desafio, com uma em cada nove pessoas
com desnutrição crônica e mais de 15% das crianças com atrasos no
crescimento como consequência de deficiências nutricionais. O Índice Global da Fome, que é atualizado todos os anos e teve sua
décima edição apresentada hoje, não inclui alguns dos países mais pobres
do mundo por falta de dados, o que faz pensar que a situação de crise
de fome global pode ser inclusive pior do que a refletida neste
documento, advertiram seus autores.
A legenda, aqui, é dizer que a legenda é dispensável |
No Youtube, assista o vídeo da BBC, mostrando a mulher cima cozinhando grama para dar de comer aos filhos. Copie o endereço e cole na barra do Youtube para assistir: famhttps://www.youtube.com/watch?v=x7KNs3_yEoA
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