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Desinformado e humilhado: é como se sente quem busca atendimento na Casa do Idoso da PMB |
O blog já tinha ouvido falar que no local impera a humilhação e o desrespeito ao ser humano que já fez sua parte por este país, mas agora tem certeza de que lá a coisa é realmente pior do que se imagina. Trata-se da Casa da Saúde do Idoso, da prefeitura de Belém, inaugurada a menos de dois anos pelo prefeito Zenaldo Coutinho.
Pois leiam a experiência vivida no local, hoje pela manhã, pelo jornalista Lúcio Flávio Pinto, que alí apenas adentrou para obter informações sobre a vacinação contra o vírus H1N1. É chocante.
“Se você é idoso, só vá à Casa da Saúde do Idoso da Prefeitura Municipal
de Belém, na avenida Governador José Malcher, em caso de extrema
necessidade. No local, você estará exposto a ser desrespeitado,
maltratado, mal servido e, se encaminhado a um destino, sujeito a longa
espera, sem as condições adequadas a uma pessoa da sua idade. E da sua
dignidade.
Vários dos funcionários que fazem o atendimento,
embora alguns deles também idosos, parecem considerar sua clientela como
formada pelo estereótipo do velho: ranzinza, desinformado, exigente,
esclerosado – quase um lixo. Mesmo que você passe apouco tempo ali,
testemunhará explosões de indignação no meio de uma massa de gente que
acaba por se submeter ao chicote dos servidores incivilizados, como num
matadouro de gado.
embora alguns deles também idosos, parecem considerar sua clientela como
formada pelo estereótipo do velho: ranzinza, desinformado, exigente,
esclerosado – quase um lixo. Mesmo que você passe apouco tempo ali,
testemunhará explosões de indignação no meio de uma massa de gente que
acaba por se submeter ao chicote dos servidores incivilizados, como num
matadouro de gado.
Acabo de vir de lá. Passando em frente ao
prédio, construído para abrigar uma boate e uma casa de recepções (é
alugado? Por quanto?), resolvi perguntar pela vacinação contra a
gripe.No primeiro escaninho, logo depois da mini-recepção, me dirigi a
uma senhora, que acabava de chegar (depois de sete e meia da manhã) para
iniciar sua jornada de trabalho.
prédio, construído para abrigar uma boate e uma casa de recepções (é
alugado? Por quanto?), resolvi perguntar pela vacinação contra a
gripe.No primeiro escaninho, logo depois da mini-recepção, me dirigi a
uma senhora, que acabava de chegar (depois de sete e meia da manhã) para
iniciar sua jornada de trabalho.
Através de uma fresta na parede
de vidro que separa o local do público lhe dei bom dia e pedi sua
atenção. Repeti três vezes o apelo. Ela continuou a limpar a mesa, como
se surda fosse. Saiu para a sala ao lado. Insisti. Aborrecida, ela me
fez ver o que eu já vira: estava fazendo a limpeza.
de vidro que separa o local do público lhe dei bom dia e pedi sua
atenção. Repeti três vezes o apelo. Ela continuou a limpar a mesa, como
se surda fosse. Saiu para a sala ao lado. Insisti. Aborrecida, ela me
fez ver o que eu já vira: estava fazendo a limpeza.
Intimidado
pela grosseria burocrática e malsã, ainda assim pedi-lhe que
simplesmente me dissesse onde eu podia ter informações sobre a vacinação
contra a H1N1. Ela me mandou olhar uma placa que estava na outra
parede. A placa realmente estava lá, mas não a informação. Abordei outra
funcionária, que estava saindo da saleta e continuou a sair, me
ignorando.
pela grosseria burocrática e malsã, ainda assim pedi-lhe que
simplesmente me dissesse onde eu podia ter informações sobre a vacinação
contra a H1N1. Ela me mandou olhar uma placa que estava na outra
parede. A placa realmente estava lá, mas não a informação. Abordei outra
funcionária, que estava saindo da saleta e continuou a sair, me
ignorando.
Dei meia volta e me dirigi pelo estreito e mal
iluminado corredor, onde mal dá para circular, enquanto as pessoas que
aguardam sua vez têm que permanecer sentadas naquele espaço
congestionado, abafado. Não tive sucesso no primeiro contato. No
seguinte, por fim, uma senhora me disse que era ali. A vacinação, só de
8,30 às 11,30.
iluminado corredor, onde mal dá para circular, enquanto as pessoas que
aguardam sua vez têm que permanecer sentadas naquele espaço
congestionado, abafado. Não tive sucesso no primeiro contato. No
seguinte, por fim, uma senhora me disse que era ali. A vacinação, só de
8,30 às 11,30.
Sim, todos os dias – respondeu já impaciente. Até
quando? Ora, meu senhor, até quando houver vacina. Há uma previsão de
estoque? Não respondeu. Nem mais lhe foi perguntado pelo cidadão que se
continha para não se igualar aos seus algozes.
quando? Ora, meu senhor, até quando houver vacina. Há uma previsão de
estoque? Não respondeu. Nem mais lhe foi perguntado pelo cidadão que se
continha para não se igualar aos seus algozes.
Saí daquele asilo
(ou hospício) não declarado. Antes de chegar à porta de saída, um senhor
– idoso, naturalmente; negro, é claro – se levantou da cadeira onde
humildemente esperava quando passei por ali e já gritava contra quem o
devia ter espezinhado.
(ou hospício) não declarado. Antes de chegar à porta de saída, um senhor
– idoso, naturalmente; negro, é claro – se levantou da cadeira onde
humildemente esperava quando passei por ali e já gritava contra quem o
devia ter espezinhado.
Quem é o responsável por essa antessala do inferno?”
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